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segunda-feira, 25 de maio de 2009

Desconforto nos ares

Fizeram muito barulho com o anúncio da decisão pela qual as empresas de transporte aéreo ficaram autorizadas a conceder descontos nas linhas internacionais. Foi divulgada até uma escala, cujo final bate numa inimaginável redução de 80%. É esperar para conferir.

O mais provável é a repetição do acontecido em relação aos trechos da América do Sul. Desde setembro passado o governo concedeu autorização semelhante, mas as transportadoras não abriram mão de suas tabelas, salvo em situações de baixa frequência de passageiros em determinados trechos e épocas.

Por uma razão: os aviões têm voado quase com sua carga máxima, em função, principalmente, da concentração do mercado. Então, é remota a possibilidade de a nova liberação produzir maiores resultados práticos, a menos que a gripe suína provoque uma retração de passageiros semelhante àquela do 11 de Setembro, jogando todo o sistema aéreo internacional numa zona de alta turbulência, com efeitos até hoje.

O que se viu até agora não tem a ver com uma sistematização de tarifas reduzidas. Estas quase nunca deixaram de existir, nem mesmo nas rotas europeias e norte-americanas, mas sempre estiveram do lado do interesse da transportadora, e esta só faz promoções diante de prejuízos iminentes, nos períodos de baixa estação, como os picos do inverno na Europa ou Estados Unidos. Nem se fala nisso na alta ou mesmo na média estação.

Então, quem pretender utilizar-se dessas vantagens acidentais e inesperadas tem de preparar as malas, passaporte e vistos na mão, cartão de crédito no bolso e olho permanente nas promoções, estando disposto a partir a qualquer dia e hora.

Existe mesmo uma continuada crise no transporte aéreo mundial. Em primeiro lugar, lá se foi o tempo em que viajar de avião significava luxo e conforto. Hoje, em aeroportos lotados como rodoviárias, o embarque tornou-se um tormento, em face dos excessos do pessoal de segurança, muito além do exigível em ambientes civilizados e criando cenas deprimentes; o espaço do passageiro de classe econômica é mínimo em aviões enormes; o serviço de bordo é em regra sofrível, não sendo raros os episódios de males à saúde causados por alimentação mal acondicionada. Isso principalmente nos voos internacionais.

As empresas chamadas de baixo custo vão além: uma delas, irlandesa, para contrapesar suas baixas tarifas, passou a cobrar pela emissão do bilhete, pela bagagem e por qualquer serviço de bordo, por menor que seja - só recuou na intenção de taxar o uso dos sanitários porque a reação foi muito forte.

Os descontos seriam uma compensação, mas dependem de uma concorrência real, que nos tem faltado (uma nova empresa brasileira está há meses à espera de licença para operar em Belo Horizonte). Enfim, o transporte aéreo progride em quantidade, mas perde em qualidade. E nem falamos nos atrasos, cancelamentos de voos, extravio de bagagens e outras falhas semelhantes e rotineiras.
Fonte: O Tempo

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