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Diretor de Segurança de Voo do Sindicato Nacional dos Aeronautas, o comandante Carlos Camacho diz que sempre que chove a Aeronáutica envia um aviso aos pilotos de que o coeficiente está abaixo do recomendado. Segundo ele, o aviso não tem caráter impositivo e a maioria das empresas obriga os pilotos a pousarem mesmo em condições completamente adversas.
- A diferença entre ter a camada porosa em dia e não ter é como você soltar um sabonete no mármore e no asfalto. Sem a camada, é o mármore. Qual sabonete para primeiro? - comparou o comandante.
Em 2007, a TAM e a GOL informaram que não pousariam mais no Santos Dumont em dias de chuva devido aos problemas com o coeficiente de atrito. A GOL informou ontem que mantém a determinação. A TAM não quis se pronunciar.
Para Camacho, o aumento do número de voos permitido pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e pela Infraero está elevando o risco operacional do aeroporto. Mas, para ele, há outros problemas relacionados ao aumento do número de voos.
- O Santos Dumont hoje não tem capacidade para operar mais do que 12 movimentos (pousos e decolagens) numa hora. Mas está autorizado a fazer 23 movimentos e está fazendo muito mais do que isso - diz ele.
De acordo com o chefe do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea, tenente-coronel Gustavo Oliveira, a Aeronáutica fez uma avaliação de que o máximo de movimentos do Santos Dumont, operando nas melhores condições, é de 37 por hora. Segundo ele, após esta avaliação, cabe à Infraero e à Anac estabelecer o número a ser operado. Esse número foi estabelecido em 23 após a liberação de voos regionais. De acordo com Oliveira, nos momentos de pico, o aeroporto está com média de 20 voos comerciais regulares e de 13 voos não regulares, ou seja, 33. Apesar disso, a medição do setor é que não houve aumento de voos atrasados. Em maio, apenas 4,35% dos voos pousaram ou decolaram fora do horário.
- Nós estabelecemos o número para as melhores condições. Mas, quanto mais perto fica do limite, maiores as possibilidades de atrasos - afirmou Oliveira.
Um dos problemas rotineiros, segundo ele, é que atualmente 11 aeronaves pernoitam na pista do Santos Dumont, que tem oficialmente lugar para 14. Quando alguma aeronave adianta a chegada, não tem onde estacionar. O problema se agrava porque, na prática, dois novos fingers estavam sem funcionar até a semana passada, porque a reforma do pátio e da pista de taxiamento, prevista na ampliação do aeroporto, não ficaram prontas. Com isso, as aeronaves têm que taxiar próximo aos fingers, o que impediria seu uso.
- O pátio também está com placas de cimento rachadas. Solicitamos que a Anac só liberasse mais voos após terminar as reformas. Todo mundo sabe que o aeroporto é restrito. Mas o usuário gosta - disse Ronaldo Jenkins, diretor técnico do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação.
Fonte: O Globo