Entre a conquista de ser a primeira mulher a pilotar um jato de caça e a realização de um sonho de infância, a jundiaiense Carla Alexandre Borges vive o que considera como sua melhor fase na aviação.
Divulgação FAB Carla na aeronave modelo AMX, que chega a mil quilômetros por hora: trajetória de sucesso na Força Aérea
Michele Stella
Agência BOM DIA
Uma mulher de poucas palavras e que revela certa timidez. Mas com ousadia o suficiente para entrar para a história da aviação brasileira como a primeira piloto de uma aeronave de caça. A jundiaiense Carla Alexandre Borges, 28 anos, atualmente vivencia o que revela ser um sonho de infância. “Desde criança eu gostava muito de aviões e sempre desejei ser piloto”, diz, com simplicidade.
Com foco nos estudos e centrada em seus objetivos, Carla foi muito além do que poderia sequer imaginar quando era apenas uma garotinha sonhadora. No dia 3 de maio deste ano, ela pilotou um jato de caça modelo AMX - uma aeronave de ataque tático e estratégico. O voo, além de repleto de significados pessoais para a jundiaiense, a consolidou como membro do esquadrão de primeira linha do 16º Grupo de Aviação Adelphi (base em Santa Cruz, no Rio de Janeiro) e a fez entrar para a história, já que nenhuma outra mulher havia alçado voos tão significativos na aviação de caça da FAB (Força Aérea Brasileira).
“O voo solo traz uma confiança grande, é bem representativo”, avalia Carla, completando: “E com um caça o voo é diferente, não é só decolar e chegar ao destino. É emocionante, exige maior concentração e preparo.”
São essas as características da aviação de caça que mais atraem a piloto jundiaiense. “A adrenalina é indescritível”, enfatiza. Um jato de caça chega a mil quilômetros por hora de acordo com Carla. E o voo exige muito preparo e planejamento. “Você voa muito próximo ao chão, tem que saber muito bem o que está fazendo porque improvisar alguma manobra é praticamente impossível”, afirma a piloto.
Antes de assumir o comando do jato, além do preparo teórico, foram necessárias horas e horas de treino em simuladores. “Cada modelo de aeronave tem o seu próprio simulador e essa é uma etapa fundamental para o nosso preparo”, salienta Carla.
Trajetória de sucesso / O primeiro passo de Carla rumo à realização de seu sonho foi dado em 2003, quando entrou para a Academia da Força Aérea, em Pirassununga. Aos 19 anos, a jundiaiense fez parte da primeira turma de mulheres do curso de Formação de Oficiais Aviadores. Até então, a mulher se fazia presente na FAB apenas em funções administrativas e na área da saúde (médicas, dentistas, farmacêuticas).
Em 2007, foi o momento de escolher que caminho exatamente seguir dentro da corporação. Segundo Carla, há uma classificação que encaminha as pilotos para a aviação de transporte, helicópteros ou caça. Foi assim que a jundiaiense seguiu para Natal (RN), onde fez um curso específico para pilotos da aviação de caça.
Pouco tempo depois, Carla seguiu para Boa Vista (RR), cidade em que permaneceu durante três anos e onde pilotava uma aeronave modelo 29. “Um voo é sempre diferente do outro e o desafio se faz presente em todos”, revela.
Corporação
Ao todo, mais de 74 mil pessoas integram a FAB. As mulheres representam 12,78% do total (9.524).
22
É o número de oficiais aviadoras formadas pela FAB. Em formação, há 31 mulheres no momento de acordo com dados da assessoria de imprensa.
FAB lança selo de datas históricas
A aeronáutica lançou um selo personalizado dos 70 anos da FAB (Força Aérea Brasileira). O símbolo foi elaborado com dois desenhos, em forma de nuvens, em branco, simbolizando todo o conteúdo do espaço aéreo brasileiro.
Todo o conjunto procura evidenciar o transporte aéreo, em especial, o Correio Aéreo Nacional, em seu voo precursor em 12 de junho de 1931, partindo da antiga Escola de Aviação Militar em direção ao Estado de São Paulo, em uma aeronave K-263.
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