A Força Militar comprou o Sargento em 1918. Há uma foto que testemunha o evento histórico que colocou o Paraná entre os pioneiros da aviação no Brasil. Com a compra do Sargento, a corporação fundou a Escola Paranaense de Aviação, que ficava no Portão e que contribuiu para desenvolver a aviação civil e militar no estado. Na primeira foto em território paranaense, o Sargento posa ao lado de um grupo de oficiais e soldados. Todos orgulhosos. Sargento materializou um desejo despertado dois anos antes por Santos Dumont em sua visita ao Paraná – ele esteve em Antonina, Morretes, Curitiba, Ponta Gtrossa, Guarapuava e Foz do Iguaçu, ciceroneado pelo presidente do estado, Affonso Alves de Camargo (foto). À época o nome Sargento não chamou atenção, mas muito tempo depois as pessoas perguntavam:
“Por que o nome do Sargento era Sargento?”
Era simples, mas era preciso explicar:
“Porque foram os sargentos que compraram o avião.”
A Sociedade Beneficente e Recreativa dos Oficiais Inferiores – que virou socidade dos subtenentes e sargentos – teve a ideia de abrir uma subscrição para coletar donativos destinados a compra de um avião – a ideia era dotar a força militar de um artefato bélico moderno. Mas, para comprar o avião, precisava de respaldo. Em 1917, o comandante do regimento de segurança deu o “concordo” e em seguida o presidente Affonso Alves de Camargo chancelou: “Eu autorizo”.
Em abril de 1917 foi formada uma comissão de sargentos constituida pelo sargento ajudante Estácio dos Santos e os primeiros sargentos João Mateck, Oscar de Barros, João Dohms, Laurindo Olegário Dias, Orestes Fernandes dos Santos e Higino Perotti, encarregados de recolher as doações. Em janeiro do ano seguinte já havia dinheiro suficiente para comprar a aeronave. O sargento Perotti, especialista em mecânica, viajou para o Rio de Janeiro para verificar as condições do aparelho que pertencia ao aviador Eligio Benini e que estava à venda. No dia 6 de janeiro de 1918, o avião chegou em Curitiba e no dia 1º de fevereiro ele foi testado num pequeno voo de cinco minutos. No dia 5 de fevereiro, o Sargento fez o primeiro grande vôo oficial sobre Curitiba, saindo do Portão, sobrevoando o Batel, depois a Praça General Osório, Rua 15 de Novembro e finalmente o Palácio do Governo, na Avenida Barão do Rio Branco, 395. Dali ele foi em direção das florestas do Cajuru e tangenciou as bordas de São José dos Pinhais. O Sargento agradou todo mundo. Mas neste voo ele era apenas um Morane-Borel I sem nome, monoplano biplace com comando único, de 11,65 metros de envergadura e 8,35 metros de comprimento. O motor era Gnome de 7 cilindros e 80 HP.
O batizado do aeroplano aconteceu no dia 12 de fevereiro de 1918. Um batismo feito pela Sra. Etelvina Rebello de Camargo, mulher do presidente do estado. A solenidade foi realizada no Jockey Clube do Paraná (atual PUC), na presença de 4 mil pessoas. Até então ninguém sabia o nome do aparelho. Então, dona Etelvina colocou uma faixa sobre o leme do aparelho com a palavra Sargento e disse:
“O nome dele é Sargento.”
Em seguida o piloto Luiz Bergmann decolou e lançou sobre a cidade uma mensagem de agradecimento à população.
E o aeroplano fez escola no Portão
Mas esta história teria um fim trágico no dia 5 de julho de 1927, quando um incêndio destruiu as instalações e as aeronaves – o Sargento foi consumido pelo fogo. Depois da Revolução de 1930, as Forças Militares dos Estados (atuais Policiais Militares) ficaram proibidas de ter aviões. E o Sargento entrou para a história como o primeiro avião do Paraná.
PARANA ONLINE
Nenhum comentário:
Postar um comentário