Richard Heene com o filho Falcon, 6; suposto sócio pode ter ajudado em farsa
As informações foram divulgadas pela polícia local, que diz ter encontrado e-mails trocados há alguns meses por Heene e um homem identificado como Robert Thomas, nos quais eles discutiam a organização de uma armação similar como parte de uma campanha de relações públicas para promover um reality show.
"Nós já sabemos que certamente houve uma conspiração entre o casal, mas há indícios, como a troca de e-mails, que indicam que podem haver outros conspiradores", afirmou o xerife do Condado de Larimer, Jim Alderden.
Investigadores devem interrogar Thomas, que também é de Denver e, nos últimos dias, divulgou que Heene teria lhe contado a respeito do golpe publicitário que planejava. Thomas vendeu a história ao site Gawker.com e enviou e-mails trocados entre ele e Heene. De acordo com o suposto sócio, Heene seria mostrado no reality show como um cientista amador.
O editor-chefe do site Gawker.com, de Nova York, confirmou que Thomas foi pago pelo relato que deu base à reportagem intitulada: "Exclusivo: Eu ajudei Richard Heene na farsa do balão". No entanto, ele não revelou a quantia paga.
Thomas, 25, disse ao site que o plano do qual ele tinha conhecimento não envolvia os filhos do casal.
Mídia
Neste domingo, Alderden anunciou que a polícia investiga a existência de cúmplices, "inclusive a possibilidade de que alguns veículos de mídia tinham conhecimento sobre a farsa". Também ontem, o xerife confirmou que o episódio foi um golpe publicitário armado pelos pais.
O casal--que se conheceu durante um curso de interpretação em Hollywood e participou em duas ocasiões do reality show "Wife Swap" ("Troca de Família")-- negociava a participação da família em outro reality show televisivo.
De acordo com o xerife, documentos apontam que um veículo de comunicação havia concordado em pagar aos Heenes em algo que envolveria o episódio do balão. Ele não forneceu detalhes nem revelou qual veículo seria esse, dizendo apenas que se tratava de um show que "confunde a linha que separa entretenimento de notícia".
Não ficou claro se o trato teria sido fechado antes ou depois do episódio armado pelos pais.
Alderden disse ainda que o casal não está detido, e que espera acusá-los por conspiração, contribuição para a delinquência de menor, falso testemunho a autoridades e tentativa de influenciar funcionários públicos. Crimes federais também podem ter sido cometidos.
De acordo com a polícia, os Heenes podem ser condenados a até seis anos de prisão e multa de US$ 500 mil [cerca de R$ 850 mil]. O xerife disse ainda que tentará fazer com que eles paguem pelos prejuízos causados pela fraude, cuja estimativa ainda não foi levantada.
Farsa
A atenção mundial se voltou para os Hennes na última quinta-feira (15), quando foi divulgada a suspeita que Falcon estivesse a 2.000 metros de altura em um balão caseiro que o pai mantinha nos fundos de casa. O balão foi perseguido ao longo de 100 quilômetros no norte do Colorado, sendo acompanhado ao vivo por inúmeras emissoras de TV.
Cerca de cinco horas depois, Falcon apareceu são e salvo no sótão da garagem de sua casa, onde, segundo a família, esteve o tempo todo.
Segundo a versão da família, ele tinha desaparecido depois de levar uma bronca de seu pai. Quando soltaram o balão, o filho mais velho, Bradford, afirmou que o menino estava lá dentro.
A busca por Falcon mobilizou os serviços de emergência e as autoridades de aviação, chegando a interromper as operações no aeroporto de Denver.
As primeiras suspeitas de farsa surgiram depois que, durante uma entrevista da família Heene a um canal de TV, Falcon foi questionado por seu pai por que não respondia quando era chamado e respondeu: "Você disse que fizemos isso para um programa".
De acordo com o xerife, os três filhos do casal sabiam da armação, mas não devem ser indiciados por causa da idade. O filho mais velho tem dez anos.
Ele diz acreditar que o caso tomou proporções maiores do que o próprio casal imaginava. "O episódio tomou a atenção da mídia mundial, e imagino que nem eles esperavam isso", afirmou.
Folha Online
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