Fonte alternativa de energia, os combustíveis renováveis aparecem como um aliado do setor, que pretende reduzir à metade suas emissões até 2050.
Azul Linhas Aéreas pode ter primeiro vôo movido a biocombustível do país.
São Paulo – O mercado de combustíveis renováveis vem crescendo e despertando interesse de vários setores. Dessa vez, quem entra na onda verde é a aviação. Fonte alternativa de energia, os biocombustíveis aparecem como um aliado do setor, que pretende reduzir à metade suas emissões de CO2 até 2050 e driblar os custos crescentes com querosene de aviação.
Hoje, pelo menos 40% dos custos totais das empresas áreas têm relação com a compra de energia. “A crise financeira afetou os custos com combustível e, consequentemente, os preços das passagens”, diz Charles E. Schlumberger, especialista em transporte aéreo do Banco Mundial. Segundo Schlumberger, que participou do Ethanol Summit,evento do setor sucroenergético, nesta terça (7) em SP, o preço do petróleo aumentou 14% em um ano, resultando num gasto extra de 58 bilhões de dólares para as indústrias da aviação.
Diante de uma pressão ambiental crescente e da alta volatilidade dos preços dos combustíveis derivados do petróleo, as fontes alternativas surgem como a opção mais viável para o setor cumprir a meta de redução, garantir o abastecimento das aeronaves e ainda manter a lucratividade do negócio. “A redução de CO2 é muito importante para a operação do setor como um todo. Menos emissões significam menor uso de petróleo e menos gastos”, resume o especialista do Banco Mundial.
Obstáculos no horizonte
Há, entretanto, grandes desafios no caminho rumo à uma aviação mais sustentável. O principal, segundo executivos das fabricantes Boeing e Embraer, também presentes no encontro, é o de desenvolver um biocombustível capaz de se adequar às tecnologias existentes nas aeronaves de hoje – majoritariamente movidas à combustível fóssil. Para se ter uma ideia, nem mesmo o etanol, largamente utilizado pela frota brasileira de veículos leves, possui as características necessárias para ser usado na aviação.
“Seria preciso mudar a estrutura dos aviões devido à incompatibilidade técnica da fuselagem com o combustível da cana”, explica Guilherme Freire, diretor de Tecnologia e Estratégia Ambiental da Embraer. Não basta só ter um combustível que se adapte ao motor. “Também precisamos garantir reserva e para isso é necessário um produto já maturado, bem desenvolvido e disponível em larga escala”, ressalta Jim Kinder, engenheiro sênior de combustíveis da Boeing.
Azul pode ter primeiro vôo movido a biocombustível do país
Aos poucos, o Brasil procura soluções para driblar esse desafio. Em março, durante visita do presidente Barack Obama, o país firmou um acordo com os Estados Unidos para desenvolver e produzir biocombustível para o transporte aéreo civil. Além da fabricante brasileira Embraer, participam do projeto a Azul Linhas Aéreas,a empresa de biotecnologia americana Amyris, e a gigante americana do setor elétrico, General Electric (GE). O acordo prevê a produção em larga escala de bioquerosene ainda nesta década.
Juntas, as empresas vão trabalhar no desenvolvimento de tecnologia para produção de bioquerose a partir da fermentação da sacarose proveniente da ponta da planta de cana de açúcar, da palha e de outras fontes vegetais, como o milho. O projeto prevê o voo experimental de um jato E-Jet no primeiro semestre de 2012.
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