O Boeing 787 batizado Dreamliner aterrissa pela primeira vez fora dos Estados Unidos, em Farnborough, perto de Londres (Ben Stansall/AFP)
O Boeing 787, que chegou ao mercado oficialmente nesta segunda-feira, é o tipo de lançamento que só se vê a cada 50 anos. A aeronave representa a primeira mudança drástica desde o Boeing 747, lançado na década de 1960. É mais leve, polui menos, é mais econômico, consegue voar mais longe e faz menos barulho. Nada modesta, a empresa decidiu batizá-lo de Dreamliner, ou avião dos sonhos, um trocadilho com a palavra airliner (termo em inglês para aviões comerciais).
A nova aeronave da Boeing consegue avançar em várias áreas graças ao material utilizado na construção (veja gráfico abaixo), aos motores de última geração e a uma série de novos recursos eletrônicos. De acordo com Fernando Catalano, chefe do departamento de Engenharia Aeronáutica da Universidade de São Paulo (USP), a utilização de materiais compostos, como a fibra de carbono, para a construção da fuselagem do avião, causou um efeito em cascata."Como o avião é 20% mais leve e tão resistente quanto os da geração anterior, construídos basicamente com alumínio, ele consegue carregar mais peso e economizar combustível, além de permitir mudanças na aerodinâmica", explica em entrevista ao site de VEJA. Por causa dos materiais compostos, os engenheiros conseguiram fazer com que a ponta da asa do 787 fosse curvada para cima. "Em velocidade de cruzeiro, esse formato deixa a nave mais rápida e economiza combustível", afirma Catalano.
Outra inovação que aumenta a economia da aeronave é a quantidade de novos componentes eletrônicos. "Eles permitem que sejam usados menos sistemas hidráulicos e pneumáticos e faz com que o próprio avião possa produzir energia durante o voo", explica o engenheiro. "Além disso, os circuitos eletrônicos ajudam a reduzir a emissão de poluentes."
A Boeing também apresentou motores mais silenciosos e mais econômicos no 787. Catalano explica que as turbinas do novo avião são dotadas de algo chamado caixa de redução, um dispositivo que reduz a velocidade das hélices. "Como elas são muito grandes, as lâminas da turbina podem superar a velocidade do som", disse o professor. As caixas de redução ajudam a diminuir essa velocidade, reduzindo o consumo de combustível e o barulho da turbina.
Uso militar — Apesar de serem novidade no setor comercial, as novas tecnologias já vêm sendo usadas pelos militares há algum tempo, segundo Catalano. "Como a aviação civil requer cuidados extras, todas as novidades precisam ser provadas e comprovadas ao longo de anos." Agora que a Boeing abriu o caminho, outras empresas e governos terão uma base de dados para certificar, comprar e fabricar os novos componentes.
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