O Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF) concedeu na noite desta sexta-feira (22) prisão domiciliar ao empresário Nenê Constantino, sócio fundador da Gol Linhas Aéreas.
A desembargadora Sandra de Santis disse, na decisão, que, "em face do precário estado de saúde do paciente", caso seja preso Constantino deve ficar detido em casa. Ela lembrou o fato de que o empresário tem 78 anos e está "sob cuidados médicos."
O empresário está foragido. Em nota, um dos advogados da defesa do empresário informou que ele se apresentaria à Justiça após a conclusão de um tratamento de saúde, em local não revelado.
Nenê é acusado de ordenar o assassinato de duas pessoas que invadiram terras de sua propriedade em Taguatinga (cidade-satélite a 25 km de Brasília). Ele nega as acusações.
Suborno
O promotor de Justiça de Taguatinga, Bernardo de Urbano Resende, afirmou nesta sexta que a prisão preventiva de Constantino foi pedida porque ele estaria subornando testemunhas dos processos nos quais é acusado de assassinatos.
Entre as provas, segundo o promotor, estão interceptações telefônicas realizadas no final do ano passado. Ele não revelou o teor das conversas. A interceptação está sob segredo de Justiça.
De acordo com o promotor, uma testemunha teria sido “comprada” pelo empresário para imputar as duas mortes pelas quais é acusado a um ex-funcionário, José Amorim dos Reis, conhecido como Padim, já falecido.
A testemunha, esposa de Padim, teria ganho uma casa do empresário no início do ano. Um filho dela teria recebido oferta de emprego de emissários de Constantino.
“Estava havendo algum suborno de testemunhas. As pessoas envolvidas dificultavam a investigação. O que motivou o pedido de prisão é que algumas pessoas foram apresentadas para indicar outra pessoa como responsável pelos crimes”, afirmou o promotor.
O G1 tentou contato com o advogado para comentar as acusações. Nas três tentativas, o telefone estava desligado. A reportagem deixou recados na caixa postal, mas até o momento não foi contatada.
Segundo Resende, a esposa de Padim, em vários depoimentos, indicou o marido como autor dos crimes para tentar isentar o empresário. No início do ano, no entanto, ela reconheceu a mentira, de acordo com o promotor.
Além dela, outras testemunhas que eram funcionárias das empresas de transporte de Constantino, inclusive da Gol, indicaram Padim como o autor dos crimes. De acordo com o promotor, no entanto, outra testemunha garantiu que Padim estava em casa no momento dos assassinatos.
Assassinatos
Padim foi o primeiro morador do terreno em Taguatinga que deu origem aos crimes. Ele tinha autorização de Constantino para residir no local, mas repassou lotes dentro do terreno a outras famílias. O empresário entrou em uma batalha judicial para reaver a posse da terra, mas, segundo o Ministério Público, partiu para outras ações.
De acordo com Resende, o empresário ordenou dois incêndios na tentativa de retirar as famílias do local. Sem sucesso, ele teria ordenado os dois assassinatos, um em fevereiro de 2001 e o outro em outubro do mesmo ano. Segundo o procurador, foram identificados os dois pistoleiros que teriam realizado os crimes a mando do empresário, mas ambos já estão mortos.
Fonte: G1
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