Débitos entre operadora italiana e Air Italy faz grupo de turistas perder a viagem de retorno para casa
Revolta e indignação era o que se podia ver ontem, no Aeroporto Internacional Pinto Martins. Um total de 59 pessoas – 55 italianas e quatro brasileiras – não conseguiram retornar à Itália após as férias. A empresa aérea Air Italy informou que não havia confirmação de pagamento da passagem. Portanto, eles não poderiam embarcar com destino a Milão.
Após saberem da notícia, alguns europeus ficaram desesperados, pois não tinham como voltar para casa e corriam o risco de perder o emprego no país de origem. Isso porque a empresa aérea informou que o único modo de eles retornarem seria pagando o valor de 820 euros,oequivalente a aproximadamente R$ 2 mil.
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Sete pessoas tentaram fazer o check-in a todo custo, porém, por conta do tumulto, a Polícia Federal resolveu intervir. Os sete foram, então, detidos, segundo alguns passageiros. Isso porque os ânimos estavam exaltados e se temia um confronto entre funcionários e italianos.
“Nós fomos obrigados a pedir desculpas a eles, porém nada fizemos, só quermos voltar para casa. Ninguém nos dá uma resposta”, explicou o italiano Giovani Minopoli, 29 anos.
Segundo a estudante Cintia Raquel Moura da Silva, 19 anos, oito dos seus amigos perderam o emprego, pois há cinco dias tentam embarcar e nada é resolvido tanto pela Air Italy quanto pela Tabapitanga Viaggi. “Hoje, foi o limite. Há pessoas que não têm mais dinheiro nem onde ficar. Como fica? ”, indagou.
Giuliano Sassi Brescia faz parte do grupo. Há alguns dias, ele tenta retornar com a esposa para a Itália. Para isso, teve de desembolsar 820 euros. “Veja bem, o problema não é só aqui no Ceará. Em Maceió, temos 18 conterrâneos na mesa situação, o que mais indigna é que ninguém se manifesta,nem mesmo o consulado”, desabafou, muito irritado,o italiano Brescia.
O operador de turismo Flávio Frugis – que estava no local da ocorrência e ouviu algumas das declarações na sala da Polícia Federal,onde os envolvidos tentavam se entender – informou que existe um débito de 51 mil euros da operadora de turismo italiana com a empresa aérea e que esse seria, então, um dos motivos pelos quais o retorno não foi possível.
“Os viajantes não podem ser lesados por questões entre as empresas. Se existe esse débito, por que eles efetuaram a venda dos bilhetes de ida e não os de vinda?”, questionou Frugis.
Polícia
O titular da Delegacia de Estrangeiros da Polícia Federal, Thomas Wlassak, informou que os agentes federais não prenderam os sete italianos, apenas houve um convite para a retirada deles do local. O restante do grupo deve entrar com uma representação criminal por crime de estelionato ou uma ação cível por constrangimento e para a reparação de danos financeiros na Justiça italiana.
DEFESA
Operadora admite débitos e erros
O representante local da operadora italiana Tabapitanga Viaggi Tour Operator, Marco Villa, informou que realmente existem débitos e erros contratuais entre as empresas. “Porém, ontem, havia sido pago, à Air Italy, o valor de algumas passagens, porém o pagamento foi recusado”, informou.
Villa disse, ainda, que acha um “absurdo” a Air Italy cobrar o valor de quase R$ 2 mil aos passageiros, tendo em vista que muitos já não dispõem de tal quantia. Além disso, questionou a atitude da empresa aérea acerca do embarque dos passageiros, isso porque, se havia problemas, por que eles efetuaram a venda dos bilhetes de vinda?
“Alguma coisa tem de errado, mas isso quem vai resolver é a Justiça”, disse. Para o representante local, a Air Italy deveria embarcar todos os 59 passageiros para que, depois, fossem resolvidas as questões entre as empresas. “Assim, os transtornos seriam minimizados”.
A brasileira Sheila Falcão Nogueira, de 32 anos, que mora há dois anos na cidade de Tortona, na Itália, disse que a sua situação está difícil. Afinal, está com muito medo de perder o emprego na fábrica de montagem de máscaras de mergulho.
“Para falar a verdade, nós só conseguimos um posicionamento da operadora agora, com a revolta que teve hoje e com a chegada da imprensa. Caso contrário, ainda estaríamos aqui feito cegos em tiroteio”, declarou.
Indenizações
Marco Villa informou que a empresa iria arcar com a despesas de todos os clientes que estavam naquela situação. “Eles têm de pegar os cupons fiscais de táxi, hotéis e alimentação para que, depois, possamos ressarcir todo mundo”.
Além disso, ele afirmou que os clientes, ao chegarem à Itália, podem pedir a intervenção do seguro-viagem como forma mais rápida de reivindicar seus direitos. Alguns passageiros estavam pedindo que Villa desse uma declaração por escrito como forma de garantia.
diario do nordeste
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