RIO - Além das filas, atrasos e cancelamentos de voos, esteiras enguiçadas, máfia de táxis e doleiros atuando de forma clandestina, os passageiros que embarcam ou desembarcam no Aeroporto Internacional Tom Jobim têm uma preocupação a mais: o furto de itens das bagagens. A delegacia do aeroporto registrou 93 casos só este ano.
De acordo com a delegada titular, Fátima Bastos, em pelo menos dois casos foi comprovado o envolvimento de funcionários de companhias aéreas e de terceirizados (funcionários de empresa que entrega malas extraviadas).
- A Infraero já se comprometeu a instalar câmeras na área interna do aeroporto e no trajeto das malas. Mas, enquanto isto não se torna realidade, fica muito difícil flagrar os criminosos. O furto é de difícil de elucidação, devido à ausência de testemunhas - diz a delegada.
O superintendente da Infraero, André Luís Marques de Barros, informou que novas câmeras chegarão em breve e serão instaladas visando a uma melhor vigilância nas áreas por onde circulam as bagagens.
- Além dessas câmeras, que estão por vir, muitas outras serão instaladas em todo o aeroporto no decorrer de 2011. E a tecnologia delas é bem superior à das atuais - disse o supervisor.
Câmeras flagraram, por exemplo, a agressão sofrida por um taxista por parte de colegas, por estar invadindo o ponto "exclusivo" deles , apesar de não existir áreas exclusivas autorizadas pela prefeitura. Em agosto, o Ministério Público estadual denunciou quatro taxistas envolvidos no espancamento , ocorrido em 7 de julho, pelos crimes de tentativa de homicídio duplamente qualificado e formação de quadrilha. Em deles chegou a ter prisão preventiva pedida, por ter se envolvido em outras brigas para manter o monopólio de sua cooperativa sobre o embarque. Outro taxista foi denunciado por falsificar credencial da Infraero para usar a área restrita a táxis cadastrados no aeroporto.
Uma funcionária pública que trabalha no Tom Jobim disse, sem se identificar, que muitos taxistas continuam cobrando acima da tabela.
Funcionários confessam crime e são demitidosChefe de investigação da delegacia do aeroporto, Gustavo Paixão contou que, aproveitando-se do fato de trabalharem na área de bagagens do aeroporto, dois funcionários da Gol furtavam itens das bagagens de passageiros, especialmente garrafas de bebidas. A companhia aérea informou que os dois funcionários já foram demitidos.
- No fim do expediente, eles colocavam as mercadorias na mochila e iam embora para casa - disse Paixão. - Eles confessaram que furtaram bagagens pelo menos cinco vezes. A falta de câmera em alguns locais facilitou os furtos.
Em julho, uma série de furtos levou a polícia a investigar um funcionário terceirizado.
- Esse foi um caso que nem câmera pegaria, já que o roubo foi praticado no trajeto do aeroporto até a casa da pessoa que teve a mala extraviada - disse a delegada.
De acordo com o inspetor Nelson Lima, neste caso, relatos de pessoas furtadas informaram que o funcionário tinha sempre muita pressa de deixar a casa das pessoas, embora, em seu depoimento, declarasse que esperava pacientemente os passageiros conferirem se todos os pertences estavam nas malas.
- Rastreando todos os trajetos, vimos que muitos casos de furto estavam relacionados ao fato de ele estar entregando as bagagens - disse o inspetor, ressaltando que contou com a colaboração da própria empresa que contratara o suspeito, a MM Transportadora.
o globo
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