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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Dilma só compra Rafale a preço de banana

A presidente Dilma encontrou um modo de não melindrar o ex-presidente Lula – que assumiu o compromisso com o presidente francês Nicholas Sarzoky de comprar os caças supersônicos Rafale – mas, ao mesmo tempo, impor suas condições: que a Dassault rebaixe o preço dos equiamentos de tal modo que a negócio se torne uma barganha para o Brasil.

Esse novo posicionamento do governo brasileiro foi exposto com todas as letras a Sarkozy na última conversa que manteve com Dilma à margem da assembléia-geral da ONU. Lula a repetiu na sua recente ida a Paris.

Desta forma, as condições de preço – que se mantêm sob regime de caixa preta pelos negociadores franceses – se adequariam às condições orçamentárias brasileiras, que já não são sorridentes como nos últimos anos do governo Lula. A proposta teria que ser renovada. Começaria do zero. Outros tempos, outros lobistas.

Dilma firmou outra regra que nada tem a ver com as de Lula: a Aeronáutica, se adquirir os Rafales, só o fará uma vez, não se obrigando a repor os caças da mesma tecnologia da Dassault depois que atingirem a idade operacional útil.

Nessas condições, a França lograria apenas uma vitória moral com a venda dos Rafale ao Brasil, a qual não deixaria mal o presidente Sarkozy, agradaria a Lula, satisfaria em parte a Aeronáutica – que ainda prefere os caças suecos Gripen – mas não propiciaria ao fornecedor os lucros imaginados com a transação. Os lobistas passariam mal.

Mas, mesmo se chegar a essa solução harmonizadora, se apresenta a Dilma um novo problema pela frente: preencher o espaço de transição com o fim do prazo de validade dos Mirage, que será 2014. A FAB precisará de equipamentos para cobrir a lacuna dos Mirage até a entrega dos primeiros Rafale. E não pode gastar muito com a solução provisória.

Nessa circunstância, os norte-americanos, com o amplo apoio do governo Obama e do Congresso – teriam meios para suprir a FAB tanto na transição dos Mirage – cedendo-nos caças provisórios – como na definitiva, vendendo-nos os F-18 Super Hornet da Boeing, é claro, com todas as garantias de uma plena transferência de tecnologia.

Como se vê, será uma decisão afunilada pelos novos matizes de variáveis politicas, econômicas e estratégicas, que já não são mais as mesmas vividas por Lula. O quadro da crise econômica internacional se agravou e vai fechando novas hipóteses de trabalho, deslocando as peças de xadrez no tabuleiro mundial.

No Brasil, sentem-se mudanças visíveis no foco estratégico que definem as prioridades de equipar as três forças armadas. A Marinha ganhou maior peso ultimamente devido a apreensões que se adensam na proximidade do início da exploração do petróleo do Pré-Sal,o que exigirá niível mais ampliado de defesa territorial.

Como já expressam abertamente os integrantes da Frente Nacional de Defesa Estratégica, da Câmara dos Deputados, a proteção das reservas do Pré-Sal deverá ser feita pelos submarinos, o que implicará a implementação de uma sólida infraesrutura de apoio com outras embarcações navais, cobertura aérea, além de cais e atracadouros ao longo do litoral petroleiro.

Sendo assim, o enfoque marítimo será cada vez mais convergente nos esforços de defesa que o aéreo ou o terrestre, na medida da escolha das prioridades orçamentárias brasileiras dos próximos anos, no setor da Defesa.

poder aéreo

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