Um “moço cheio de vida”, 44 anos, "muito firme, amoroso e dedicado" e que assumiu a responsabilidade sobre a mãe depois que ela ficou viúva. E que tinha projetos para trabalhar no exterior - ele que havia dado aulas em um curso de pilotagem justamente para o presidente da Gol, o empresário Constantino Junior, e que deixou um filho de nove anos “louco por aviação”.
A descrição é a do comandante do voo 1907 da Gol, Décio Chaves Junior (foto à direita), uma das vítimas do acidente aéreo que matou as 154 pessoas a bordo há exatos cinco anos, feita pela tia dele, a dona de casa Leni Chaves Mendonça, de Uberlândia (MG).
Chaves Junior morava em Brasília com a mulher e o filho e era considerado um piloto experiente em suas mais de 40 mil horas de voo.
Leni conta que o sentimento da família não mudou sobre o caso, mesmo passados já cinco anos. “A dor sempre volta. Toda vez que alguém toca no assunto, doi muito - é uma vida que foi podada, né?”
Se os familiares acreditam em uma decisão judicial capaz de amenizar o sofrimento de cada um? A dona de casa é crítica e pouco otimista quanto a essa possibilidade.
“Acredito que houve muito descaso, muita falta de autoridade do Brasil de prender esses pilotos. Eles foram embora e ainda foram recebidos como heróis? Puxa, isso revolta. Como heróis matam 154 pessoas?”, indaga, referindo-se aos pilotos Jan Paul Paladino e Joseph Lepore, do jato Legacy que atingiu o Boeing do voo comandado pelo sobrinho.
“E acho mesmo que não vai acontecer nada com eles, não - se no auge daquela tristeza não aconteceu, não tenho muita esperança de que depois de tantos anos vai ter uma reversão. Mas Deus sabe o que faz, acredito nessa Justiça”, finaliza.
A reportagem do UOL Notícias conversou com a viúva do comandante do voo 1907, que ainda mora em Brasília com o filho, mas ela alegou que, por tratamento médico, preferia não comentar o assunto.
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