Ontem, durante entrevista coletiva, o presidente venezuelano Hugo Chávez, contrariado, não quis comentar o relatório dos EUA sobre drogas ilícitas, no que toca à Venezuela.
Pelo relatório, a Venezuela está entre os países que menos contribuíram na luta contra o narcotráfico. E os EUA usam o relatório para pressionar Chávez a dotar o seu país, como acontece com a Colômbia, Peru e Brasil, com legislação que autorize o abate de aeronaves sob suspeita de carregamento de drogas proibidas.
A Venezuela foi reprovada pelo governo dos EUA e, no relatório que foi enviado ao Congresso norte-americano, aparece ao lado da Bolívia e da Birmânia (Mianmar), esta última uma velha e conhecida narcoditadura militar. Apesar da reprovação, não haverá sanção econômica para a Venezuela, ao contrário da Birmânia, que, há mais de dez anos, aparece nos relatórios e, por especialistas internacionais, é considerada um narcoestado.
Na coletiva, Chávez disse, apenas, que estuda, à luz do direito internacional, legislações, como a brasileira, que autorizam o abate de aeronaves sob suspeita e cujos pilotos não atendem ordens para aterrar. Sobre tráfico de drogas, lembrou Chávez que os norte-americanos são os maiores consumidores do planeta e o governo dos EUA não consegue reduzir a demanda.
A lei brasileira, no particular, consagra a pena de morte. É inconstitucional. No Brasil, foi objeto de pressão norte-americana. A lei, não sancionada por Fernando Henrique que preferiu engaveta-la, acabou recebendo a aprovação de Lula, apesar da flagrante inconstitucionalidade.
Fora isso tudo, uma aeronave pode ser perseguida, até aterrar.
A autonomia de vôo é limitada. No caso de prisão do piloto, ele poderá se tornar um colaborador de Justiça e fazer revelações importantes. Como todos os céus, a lua e as estrelas sabem, o potente narcotraficante nunca estará na aeronave, mas em terra.
O Brasil mantém, com relação ao tráfico de drogas, cooperação com todos os países das Américas. Portanto, por meio de cooperação, o avião suspeito, caso deixe o espaço aéreo brasileiro, poderá ser perseguido por avião de país amigo.
Convém frisar que o sistema operado pelos EUA, por meio do Comando Sul, detecta e avisa sobre aeronaves suspeitas e coloca os países que estariam na rota da aeronave em alerta.
Assim, não haveria risco de se perder de vista a aeronave suspeita, que, frise-se, poderia ser bombardeada com tinta, isto para ser identificada de forma induvidosa ao aterrar.
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No Peru, um avião suspeito já foi bombardeado, com trágico resultado. No seu interior estava uma religiosa com o filho de poucos meses. A mãe e o filho morreram em razão da queda do pequeno avião. Mais ainda, não havia, no avião abatido, drogas ou vestígios delas. No caso, o piloto era inexperiente e se assustou, situação essa agravada pelo fato de o equipamento de rádio não funcionar.
PANO RÁPIDO
A Venezuela entrou na lista norte-americana dos países que não colaboram na luta contra as drogas proibidas por mera represália.
No ano de 2005, o presidente Chávez expulsou agentes da agência norte-americana de drogas (DEA), por bisbilhotagem política: a DEA é conhecida por se dedicar a espionagem no campo político e os seus agentes chegam aos países a título de cooperação na luta contra o tráfico de drogas.
Agentes da DEA, do FBI e da CIA, no Brasil, já bisbilhotaram. À época, o presidente era Fernando Henrique Cardoso.
Um ex-agente do serviço de espionagem da embaixada norte-americana, Carlos Costa, fez revelação sobre a atuação dos espiões e destacou como eram feitos os grampos realizados no palácio do Planalto.
IFR Online
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