Foram quatro anos de recuperação judicial e quase dois anos de voos operados à Gol O único avião da antiga Varig, um Boeing 737-300 com a bandeira Flex, deve permanecer definitivamente no chão a partir de hoje.
Foram quatro anos de recuperação judicial, um ano e oito meses de voos operados para a Gol, mas uma dívida de R$ 15,1 milhões impede a Flex de decolar, segundo o seu último relatório mensal, referente a outubro.
Os outros negócios da companhia, como o centro de treinamento de pilotos, continuam em atividade. "No mês de novembro, caso não ocorra a liberação de recursos não operacionais, até o dia 6, para pagamento dos funcionários, dos fornecedores e recolhimento de tributos, tornar-se á inevitável a paralisação das atividades", informa o relatório da Flex, assinado pelo gestor judicial e presidente da empresa, Aurélio Penelas.
O relatório é mensalmente enviado ao juiz Luiz Roberto Ayoub, da 1ª Vara Empresarial do Rio, que comandou a recuperação judicial da companhia. Procurado, Ayoub não quis se manifestar porque prefere, primeiro, conversar com Penelas hoje.
O gestor da Flex diz que o avião só voará novamente se obtiver algum recurso na Justiça que libere R$ 5 milhões em depósitos em juízo, bloqueados pelo Tribunal Regional do Trabalho do Rio. "A gente brigou, brigou e se sente frustrado por chegar tão perto de um acordo e não ter conseguido", afirma Penelas. O que ele mais lamenta é a situação dos 212 empregados.
Outra alternativa seria o governo dar algum sinal de que está disposto a fazer o encontro de contas entre o que a empresa cobra por perdas com o congelamento de tarifas entre os anos 80 e 90 e o que ela deve de tributos.
A Flex herdou da Varig um passivo estimado em R$ 7 bilhões. Mas o próprio Penelas admite que isso é improvável, pois o pacto está emperrado há mais de 210 dias. Um dos impasses é o valor. A empresa alega cerca de R$ 4 bilhões, mas o governo fala em pouco mais de R$ 2 bilhões.
Penelas conta que outra frente seria a Gol interceder junto à dona do avião, a empresa de leasing Wells Fargo, que pode arrestar o 737-300 a qualquer momento.
O executivo lembra que originalmente a aeronave era da frota da Gol, mas foi arrendada para a Flex. Mas já são quatro meses sem pagar o arrendamento, cujo valor total é de US$ 900 mil, e a Wells Fargo quer arrestar a aeronave. Isso só não ocorreu antes porque o avião estava em manutenção até hoje.
Além disso, a Flex não pagou a segunda parcela do seguro, de US$ 150 mil, que venceu na sexta-feira. Sem essa garantia, ela não pode voar. Os 212 empregados da Flex esperam hoje por um "milagre".
Aerovirtual
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