RIO - O assalto ocorrido nesta quarta-feira a uma agência dos Correios no Santos Dumont foi o terceiro episódio do tipo em quatro meses. A insegurança no aeroporto é alvo de uma investigação da Defensoria Pública da União. O defensor público André Ordacgy apura, desde fevereiro, a responsabilidade da Empresa de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) e disse que vai acionar a empresa judicialmente, caso o problema não seja resolvido:
- A responsabilidade de qualquer incidente que envolva a segurança no aeroporto recai sobre a Infraero. Se isso não for resolvido extrajudicialmente, vou propor uma ação civil pública contra a Infraero, sob pena de multa diária de R$ 10 mil.
A Infraero se limitou a informar que aguarda as investigações da PF. Procurada pelo GLOBO, a Empresa Brasileira de Correio e Telégrafos não se pronunciou até a noite desta quarta.
Em resposta a um ofício, enviado em abril por Ordacgy, a Secretaria estadual de Segurança se comprometeu a instalar um posto da PM dentro do aeroporto. No documento, de 10 junho, o secretário José Mariano Beltrame informa que uma área para a construção da unidade policial já foi definida em reunião entre o comando do Batalhão de Apoio ao Turismo (BPTur) e a Infraero.
Beltrame ainda esclarece que, em caráter provisório, o BPTur implantou policiamento diário no aeroporto.
Câmeras de vídeo não estavam funcionandoO assalto ocorreu no início da manhã. De acordo com policiais militares do 13º BPM (Praça Tiradentes), três bandidos roubaram R$ 10 mil em dinheiro. Quatro funcionários, dos cinco que deveriam estar trabalhando na hora, foram imobilizados com algemas de plástico e mantidos reféns. De acordo com as vítimas, elas foram deixadas trancadas na agência enquanto os ladrões, todos bem vestidos, escapavam caminhando normalmente. Ninguém ficou ferido.
O roubo será investigado pela Delegacia de Combate aos Crimes contra o Patrimônio (Delepat), da Polícia Federal. O delegado Deuler Rocha, chefe da Delepat, ficou desolado ao saber que as câmeras de segurança da agência dos Correios não estavam funcionando e que as outras, que monitoram o saguão do aeroporto, estavam apontadas para outro local na hora do roubo.
Os funcionários e testemunhas do assalto serão ouvidos a partir desta quinta-feira, entre eles um técnico da área de segurança dos Correios.
Apesar de o crime ter ocorrido por volta de 10h30m, a Polícia Militar informou que só foi comunicada depois das 13h pela firma de segurança que presta serviço aos Correios. Em frente à agência, funcionários colocaram um aviso improvisado com os dizeres "Por motivo de força maior não abriremos hoje".
O tenente-coronel José Guilherme Xavier, comandante do 13º BPM, prometeu intensificar o policiamento no entorno do Santos Dumont. Xavier classificou o assalto como um "caso isolado".
- As estatísticas não apontam aumento do índice de criminalidade na área do aeroporto. Mas, de qualquer forma, o patrulhamento no perímetro do Santos Dumont vai ser intensificado, inclusive com o apoio do serviço de inteligência para tentar identificar as fragilidades do sistema de segurança do terminal.
Em abril, um laudo do Conselho Regional de Engenharia do Rio (Crea-RJ) feito a pedido da Defensoria Pública já apontaba a necessidade de aumentar o número de seguranças desarmados no terminal, a instalação de 15 câmeras de vídeo para monitorar veículos que transitam na área externa ao aeroporto, a ampliação do efetivo do policiamento nas imediações e o limitar o acesso ao terminal de desembarque.
o globo
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