RIO - A menos de dois meses de completar seu segundo aniversário, a Azul se firma como a quarta companhia criada pelo empresário David Neeleman a se consolidar no mercado. Depois da estrear na sexta posição em janeiro de 2009, a Azul aérea surfou em um crescimento acentuado e desbancou as concorrentes Trip, Avianca (ex-OceanAir) e Webjet. Agora, com fatia de cerca de 7% no mercado doméstico, só perde para TAM e Gol.
Antes de entrar no mercado de aviação civil brasileiro, Neeleman, nascido em São Paulo, esteve envolvido na fundação das americanas Morris Air e JetBlue, além da canadense WestJet.
A projeção da Azul é de chegar a 2013 com 20% do mercado, metade do que a Gol detém hoje. O caminho para chegar a essa taxa passa por uma entrada forte na aviação regional a partir de novembro do ano que vem, quando a empresa recebe a primeira aeronave turboélice ATR, de uma encomenda de 20 aviões, com opção para mais 20.
"Quando recebermos o primeiro avião ATR, vamos dar início ao projeto de conectar aos nossos minihubs 50 cidades que giram em torno deles, com frequências diárias. Esses aviões vão permitir que os clientes de cidades como Passo Fundo (RS), Petrolina (PE) e Presidente Prudente (SP) acessem os hubs das suas capitais próximas para que essas conexões os levem para o Brasil todo", disse o presidente da Azul, Pedro Janot.
Com a utilização dos ATR, aviões de menor porte fabricados para percorrer distâncias de até 700 quilômetros, a Azul pretende entrar nessas novas rotas regionais com preços agressivos. "Essas conexões serão feitas por turboélices, que permitem maior economia e possibilitam tarifas mais baixas sem perder tempo em relação aos jatos", afirma. Segundo Janot, a Azul estuda 60 cidades de todo o País, mas ainda não definiu para que destinos regionais voará.
Disputa
Ao falar do avanço da Azul em relação às concorrentes, Janot é diplomático. "Eu não estou roubando mercado dessas companhias. O mercado está crescendo e está todo mundo capturando seus clientes. Gol e TAM continuam crescendo, mesmo que estejam perdendo participação", sustenta.
O presidente da companhia não mostra preocupação com os investimentos necessários para dar sustentação ao crescimento previsto. "Ainda temos muito o que fazer com as nossas próprias pernas, pois temos dinheiro, tecnologia e gestão", disse. A intenção de fazer um IPO (oferta inicial pública de ações), aventada anteriormente para 2011 ou 2012, estaria "esquecida num canto da companhia". "Essa decisão não está claramente definida. Os investidores podem, até mesmo, optar por continuar com a companhia fechada."
Embora diga que a aviação internacional não seja prioridade, Janot admitiu que a Azul avalia essa possibilidade, ainda que "de maneira distante". Perguntado sobre o interesse em uma parceria com a americana JetBlue para voos internacionais, o executivo não descartou a possibilidade. "Não posso dizer que não, mas não faz parte do nosso foco neste exato momento."
Segundo Janot, o crescimento da companhia também deve estar calcado na inclusão da nova classe média no mercado de aviação. "Esse público não é mais um nicho; é um mercado muito importante", diz Janot. O desafio, de acordo com o executivo, é encontrar o canal adequado para chegar a esses consumidores.
"Além das ferramentas como Twitter e Facebook, estamos buscando caminhos físicos de contato. Temos falado muito com as agências de viagem para estimular o crescimento desses estabelecimentos nas regiões em que esse grupo de consumidores está incrustado", afirma.
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