SÃO PAULO - A Justiça do Trabalho de São Paulo cancelou nesta sexta-feira a venda da Fazenda Piratininga, do empresário Wagner Canhedo, ex-dono da Vasp, depois que o cheque dado como sinal pela Conagro Participações, do empresário Francisco Gerval Garcia Vivoni, foi suspenso. Na última quarta-feira, a empresa havia arrematado a propriedade em leilão no Fórum do Trabalho, na capital paulista, pelo lance mínimo de R$ 430 milhões. O valor entregue para garantir o negócio foi de 15% do total, cerca de R$ 69 milhões. A venda da propriedade de Canhedo, avaliada em R$ 615,3 milhões, já havia sido suspensa na Justiça por duas vezes.
Em seu despacho, a juiza do Trabalho, Elisa Maria Seco Andreoni, além de cancelar o negócio, determinou ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal a investigação do caso, inclusive, "com a tomada de medidas de urgência cabíveis, da natureza da conduta do comprador". A juíza determinou ainda quebra do sigilo bancário e fiscal tanto da Conagro quanto do seu diretor-presidente, Francisco Vivoni, e de seus sócios na empresa. Também foi autorizado pela magistrada o arresto de bens no valor do cheque sustado pela empresa.
Dívidas trabalhistasO dinheiro da venda da fazenda seria destinado pela Justiça do Trabalho para o pagamento das dívidas trabalhistas dos nove mil ex-funcionários da companhia aérea, que teve a falência decretada em 2008. Os débitos trabalhistas da Vasp somam R$ 1 bilhão.
Com sede em São Miguel do Araguaia, município com pouco mais de 20 mil habitantes a 480 quilômetros de Goiânia (GO), a fazenda Piratininga ocupa uma área de 130.515 hectares e possui diversas benfeitorias e edificações, como áreas de lazer com piscinas, garagem para barcos, salão de festas, clube e quadras esportivas. Há ainda pista de pouso, hangares, auditórios, depósitos, apartamentos para funcionários, açougue e até uma padaria completa.
O comprador também vai levar caminhões, tratores, implementos e máquinas agrícolas e outros veículos, como microônibus, caminhonetas, jeeps. Entre os animais previstos na venda judicial estão 70 mil cabeças de gado, sendo 18 mil vacas da raça Nelore, acompanhadas de bezerros e bezerras com idades entre um dia e sete meses. Esses animais estão avaliados em R$ 1,2 mil cada. Além de vacas, bois, bezerros e 1,6 mil touros reprodutores, a fazenda possui uma tropa de 49 cavalos adestrados.
O processo trabalhista que culminou com o leilão da fazenda de Canhedo começou em março de 2005, quando o Ministério Público do Trabalho (MPT), o Sindicato Nacional dos Aeronautas e o Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo ajuizaram, perante a 14ª Vara do Trabalho de São Paulo-SP, uma Ação Civil Pública contra a Viação Aérea São Paulo S.A. (Vasp), seus administradores e empresas que formavam o grupo econômico Canhedo Azevedo.
o globo
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