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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Aéreas buscam opções, sem temer "apagão"
SÃO PAULO - Apesar do temor de um apagão aéreo no período de férias no Brasil, com os anúncios de paralisação dos aeroviários antes do Natal, as empresas do setor de aviação doméstica têm encontrado meios de aumentar suas parcelas no mercado. Elas buscam alternativas para aumentar a renda e não perder o consumidor na guerra da precificação das passagens.
A TAM, por exemplo, começou a liberar o uso de telefones celulares durante alguns de seus voos. Além disso, está dando especial atenção à venda de produtos de grife e oferecidos nos free shops, que são comprados com cartão de crédito, em voos internacionais.
A concorrente Gol Linhas Aéreas tem ampliado a venda de alimentos quentes, com cardápio, com o intuito de oferecer - ao adotar o corte de custos a bordo - um preço mais barato de tarifa. Outra iniciativa tomada pela Gol é aumentar parcerias de compartilhamento de voos e de rotas. A guerra pelo consumidor não para por aí: a oferta de destinos também é ampliada, mesmo diante da crise gerada pelos atrasos de vôo e pela maior demanda que se verifica no Brasil devido ao aumento da renda da população de classe média. É o caso da Webjet, que pertence ao grupo CVC - outra empresa que também aposta no crescimento do setor e que transportou cerca de 9 milhões de passageiros, o que significa um crescimento de 90% se comparado aos dados de 2009, e acrescentou três novos destinos - Ribeirão Preto (SP), Foz do Iguaçu (PR) e Navegantes (SC). A Webjet diz ter fôlego para mais.
"Em 2011 nossa meta é atingir a marca dos 10 milhões de passageiros transportados e, dentro desta perspectiva, devemos anunciar outros destinos e incorporar à nossa frota mais três aeronaves", explica o presidente da empresa, Fábio Godinho.
Além disso, a empresa acredita que por meio de parcerias estratégicas é possível oferecer mais vantagens a seus passageiros, como, por exemplo, as firmadas com os bancos, "que têm sido im portantes no acesso a crédito para a emergente classe C", afirma Godinho.
Hoje, a Webjet possui uma frota de 23 aeronaves Boeing 731-300 e conta com uma taxa de ocupação anual média de 77%. Atuando com uma equipe de 1.600 colaboradores, a empresa tem como objetivo reduzir cada vez mais os preços das passagens. "Para conseguir isso o segredo é a eficiência e um padrão de qualidade alto em nosso atendimento", justifica o presidente.
Em terceiro lugar hoje no ranking do setor, a Azul Linhas Aéreas segue a mesma linha e também prevê um futuro otimista. Em 2010, a Azul inaugurou 12 destinos, entre os quais está Ilhéus, na Bahia. Com dois anos de operação, a empresa é a 3ª maior companhia em fluxo de clientes, fechando este ano com 28 destinos, 27 aeronaves e mais de seis milhões de clientes.
Os números são o dobro do que a companhia apresentava em 2009, quando operava com 16 destinos, 14 aeronaves e dois milhões de clientes. "Hoje, temos uma frota de 26 aeronaves Embraer que realiza cerca de 200 voos diários. Em 2011, a Azul receberá mais 12 E-Jets e os primeiros ATRs", adianta o presidente da Azul, Pedro Janot.
Crescimento
O aquecimento do setor aéreo, seja em voos domésticos, seja em internacionais, aliado ao aumento de rotas, tem demonstrado, cada vez mais, que existe no País uma demanda crescente neste setor. Para se ter uma ideia, no mês de novembro deste ano o crescimento foi de 19,18%, se comparado a dados do mesmo período do ano passado, conforme demonstrou uma pesquisa realizada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Para dar conta da oferta deste segmento, as companhias traçam estratégias e ampliam suas operações. A TAM, por exemplo, criou este ano 169 novas etapas de voo, ampliou frequências, como a de São Paulo (SP) a Porto Alegre (RS), e inaugurou voos para Londres e Frankfurt a partir do Rio de Janeiro.
Neste mês, a companhia iniciou dois novos voos para Miami a partir de Belo Horizonte (MG) e de Brasília (DF), e neste dia 19 começa a voar para Bogotá. Segundo a empresa, a ascensão da nova classe média mudou o perfil do passageiro de avião no País. "Hoje, 68% viajam a negócios, e 32%, a lazer. Dentro de três a cinco anos, acreditamos que isso mudará: cerca de 60% será a negócios, e 40%, a lazer", informou a empresa.
A companhia, que hoje conta com uma frota de 151 aeronaves, pretende chegar ao fim de 2011 com 158 aviões, e para 2014 a expectativa é de que opere com 168 aeronaves. Além disso, a TAM aposta em parcerias, tendo lançado em agosto o novo projeto de varejo, que inclui venda de passagens nas Casas Bahia, entre outras ações que visam a incentivar o uso do transporte aéreo.
A Gol Linhas Aéreas também está otimista, já que registrou taxas de ocupação positivas com percentuais acima dos registrados no ano passado. Para a vice-presidente de Mercado da Gol, Claudia Pagnano, o fortalecimento da economia contribuiu para o crescimento da classe média brasileira, mas ainda há muito espaço. "Pelo menos 100 milhões de pessoas já têm condições de voar, mas não o fazem. Hoje, no Brasil, a penetração em voos per capita ainda é muito baixa", diz.
Para atender esta demanda a companhia, hoje, oferece mais de 900 voos diários a 64 destinos no País, bem como atua em 13 mercados internacionais na América Latina e no Caribe. Ao todo, as aeronaves da frota operacional são 112, e os colaboradores, mais de 18.600. Outra ferramenta utilizada pela empresa para melhorar os benefícios são as parcerias que tem firmado. A estratégia se baseia em acordos de codeshare (compartilhamento de voo) e programas de milhagem.
"A Gol possui cinco acordos que contemplam a integração do Smiles com os programas de milhagem das companhias aéreas parceiras: American Airlines, Delta Air Lines, Air France-KLM, Iberia e Aeromexico", diz Pagnano. De olho na ampliação de seus negócios, a empresa, que adianta estar avaliando novas oportunidades, lançou, este ano, operações em importantes destinos domésticos e internacionais, passando a voar para Bauru (SP) e Montes Claros (MG). Com a marca Varig, iniciou destinos no Caribe (Bridgetown e St. Maarten) e aumentou a oferta para regiões como Oranjestad (Aruba) e Punta Cana, (República Dominicana).
dci
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