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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Mudança esperada no limite para estrangeiros vai abrir oportunidades no setor aéreo brasileiro
Com o Brasil preparando-se para aumentar o limite à participação estrangeira no capital das companhias aéreas de 20% para 49%, prepare-se para mais fusões e aumentos de capital nos próximos dois a três anos — e oportunidades para as aéreas estrangeiras entrarem no maior mercado da América Latina.
O crescimento econômico brasileiro e seu papel como sede da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016 abre a pista para a decolagem das companhias aéreas.
Em outubro, o Brasil tinha 16 aéreas em operação. Duas — a TAM S.A. e a Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A. — são dominantes, mas há pelo menos quatro outras empresas menores de porte significativo que podem precisar de capital ou sócios maiores, ou podem querer abrir o capital.
Os fundamentos econômicos são excelentes. No primeiro semestre, o tráfego doméstico cresceu 28%, em comparação com uma expansão mundial de 8%, segundo a corretora paulistana Coinvalores. No ano todo, a previsão é de que o aumento do tráfego doméstico fique em 20%, enquanto a expansão do PIB está projetada para 7,5%.
Para 2011, a previsão é de que o tráfego aéreo continuará forte, por causa do crescimento do PIB e de tarifas mais baixas, que estão estimulando uma demanda mais ampla.
Esse crescimento foi o ímpeto para a planejada união, anunciada em agosto, entre a TAM e a chilena LAN Airlines S.A. Juntas, as duas empresas vão ter posição dominante também no mercado sul-americano.
A TAM e a LAN são as companhias mais diretamente afetadas pela planejada mudança do Código da Aeronáutica, já que elas planejaram se unir sob uma única holding, a Latam Airlines Group S.A. O acordo, que espera aprovação das autoridades, foi estruturado para seguir o limite de 20% à propriedade estrangeira no Brasil, mas deve ser revisado assim que a nova lei for aprovada.
A TAM apoia a mudança na lei porque ela trará mais investimentos ao país, disse seu diretor-presidente, Marco Antonio Bologna, por e-mail.
O projeto de lei deve ser levado a votação nos próximos meses, segundo seu relator, o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). Ele espera que comece a vigorar antes do fim do primeiro semestre de 2011.
A Gol, principal rival da TAM, deu sinais de que não planeja seguir os passos da TAM com uma fusão ou joint venture. A aérea é negociada em bolsa, mas controlada pela família de seu presidente, Constantino de Oliveira Jr. Diferentemente da TAM, que se voltou aos passageiros de negócios, a Gol é uma empresa de baixo custo. Ela expandiu sua marca ao adquirir a Varig em 2007, depois que esta passou por uma recuperação judicial.
"Mas isso não significa que uma rival não vai bater à porta deles", diz um analista do setor no Brasil.
As companhias aéreas americanas passaram por muitas dificuldades nos últimos anos, de modo que não estão provavelmente em condição de considerar grandes negócios no Brasil, segundo analistas. Mas houve especulação de que a British Airways estava de olho na LAN e na TAM. A British, contudo, informou que não está atualmente em discussões com nenhuma aérea. Ela afirma estar concentrada em sua fusão com a espanhola Iberia e a criação de sua nova holding, a International Airline Group, que afirma que pode ser um veículo para futura consolidação.
Além das duas maiores aéreas há outras que poderiam ser alvo de transações de algum tipo quando as restrições à participação estrangeira forem relaxadas.
"Podemos ver também interesse pelas regionais, já que o crescimento agrícola fortaleceu alguns pólos locais", diz Felipe Rocha, analista da Link Investimentos, de São Paulo.
Outro alvo pode ser a Azul Linhas Aéreas Brasileiras, criada em 2008 por David Neeleman, o fundador da americana JetBlue Airways Corp., com financiamento de alguns dos investidores originais desta. Mas a empresa tem outros planos.
"A mudança na lei não significa nada para nós", diz Neeleman. "Estamos gerando caixa suficiente. Não estamos pensando nisso." Em vez de uma parceria com uma companhia maior, a Azul provavelmente preferiria abrir o capital. Por ser empresa nova, a Azul deve terminar 2010 com um crescimento em torno de 50%.
A Trip Linhas Aéreas, uma regional que atende a mais de 80 cidades, também poderia receber mais investimento de sua sócia americana, a SkyWest Inc., holding da SkyWest Airlines e da Atlantic Southeast Airlines.
O mercado não sabe o que esperar da Webjet, aérea de baixo custo criada em 2005 por executivos do setor financeiro. Depois de várias reestruturações, o controle pertence agora a um grupo chamado GJP Participações. A empresa esteve sob os holofotes recentemente por causa de uma série de cancelamentos de voos devido a questões de pessoal.
Com sua combinação de grandes e pequenas empresas, o setor aéreo brasileiro justifica estar no radar das aéreas de outros países, assim como dos que buscam um meio de investir no boom brasileiro.
wsj
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