A Gol vê necessidade de reduzir de 80 a 100 voos diários entre março e abril, e esse movimento de "racionalização" implicará em uma redução de custos fixos, como a diminuição do número de funcionários por meio de licenças não-remuneradas e demissões voluntárias, afirmou o presidente da companhia, Constantino de Oliveira Junior.
De acordo com o executivo, a redução, que será na proporção de 80% para vôos da Gol e 20% de vôos da Webjet, será em viagens noturnas e não implicará na descontinuidade de nenhuma rota.
Os voos que serão retirados da malha representam cerca de 8% dos voos diários, visto que a companhia, incluindo a Webjet, realizou entre 1.100 e 1.150 voos por dia entre janeiro e fevereiro.
"Você pode perceber no quarto trimestre pressão nos custos de combustível, tarifas aeroportuárias, variação cambial... e no momento em que passou a existir essa pressão, principalmente sobre os custos variáveis, nós nos vimos obrigados a revisar a malha... e nessa revisão nós enxergamos a necessidade de reduzir em torno de 80 a 100 voos diários", afirmou Oliveira a jornalistas em teleconferência nesta terça-feira.
"E todo esse movimento que tem sido feito em relação a licença não-remunerada, demissão voluntária, vem no sentido de adequar a essa nova realidade da companhia", prosseguiu Oliveira, afirmando que não é possível divulgar números porque o processo ainda está em andamento.
Segundo o executivo, a companhia tinha expectativas para o crescimento do mercado doméstico e premissas macroeconômicas, como o de crescimentos do PIB e preço do petróleo, que não se concretizaram, o que levou à decisão de reduzir a quantidade de voos, que não serão concentrados em nenhuma região brasileira.
"Nós entendemos que o movimento de racionalização da malha implica também em uma redução do custo fixo para que não haja nenhum impacto no 'Cask ex-fuel' (custos que excluem combustíveis). Essa redução se dá exatamente nos voos que não apresentam uma receita satisfatória, a receita não é suficiente para compensar o custo variável", disse Oliveira
Ele afirmou ainda que essas reduções foram planejadas antecipadamente, e que não devem haver mais medidas como esta para garantir a rentabilidade da companhia neste ano.
Para Oliveira, não é possível afirmar que a Gol "errou" no seu planejamento de voos e na contratação de funcionários.
"É uma mudança de visão e não dá pra atribuir essa mudança de visão a um erro. O erro seria a gente permanecer com problemas, permanecer com vôos dando prejuízo pra companhia e talvez comprometendo a sobrevivência da empresa. Eu diria que houve uma mudança no cenário macroeconômico, de patamares, e nós estamos nos ajustando a essa mudança."
Além disso, o presidente da Gol afirmou que todos as estimativas da companhia para o ano estão mantidas.
Entre as previsões que serão mantidas para o ano, está a de uma oferta de assentos no mercado doméstico de zero%.
"Essa redução deve nos levar à meta de crescimento zero durante o ano, ou seja, uma adequação que vai nos levar a um crescimento no número de ASKs em 2012 igual a zero quando comparado com 2011", explicou Oliveira.
Neste ano, a Webjet devolverá 10 aviões Boeing 737-300, mas outros aviões da Gol serão transferidos para a sua frota. A frota da Gol, desta forma, será reduzida.
Miami
O presidente da Gol afirmou ainda que o início dos voos entre Brasil e Miami, via Caracas, é independente da decisão da companhia de reduzir o volume de voos no mercado doméstico.
"São ações totalmente independentes e que visam tornar a empresa ao seu nível de rentabilidade necessário e sem perder as oportunidades", afirmou.
"Essa operação via Caracas nos permite chegar aos Estados Unidos com os 737 operados pela empresa hoje em dia, ou seja, sem variação de frota... é uma extensão do nosso modelo de negócios", disse Oliveira.
"Nesse sentido eu reforço que nós não estamos dispostos a mudar o modelo de negócio para operar vôos de longo alcance", completou.
Na madrugada desta terça-feira a Gol divulgou que encerrou o quarto trimestre com lucro líquido de 54,3 milhões de reais, queda de 58,9% sobre o resultado apurado um ano antes, devido ao aumento de custos e despesas e variação cambial.
Reuters
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