Entre 80 e 100 voos diários da Gol serão cortados (Antonio Lacerda/EFE)
Entre as iniciativas da empresa para melhorar esses resultados está previsto que, a partir de março, 80 a 100 voos diários dos 1.100 voos diários da Gol e Webjet serão cortados este ano. “Voltar a ter rentabilidade é o que temos de mais importante a fazer este ano e faremos isso reduzindo nossa malha aérea e adequando nossa força de trabalho para essa nova realidade, entre outras soluções”, diz Constantino de Oliveira Júnior, presidente da Gol.
Mas, afinal, o que fez com que a Gol tivesse tal desempenho, mesmo atuando nos principais aeroportos do país, abarrotados pelo contínuo aumento da demanda por consumidores da classe C? Veja, abaixo, alguns dos motivos apontados por analistas do setor:
Mais custos - O aumento do custo, ocasionado pela alta do preço do petróleo, tem refletido de maneira negativa nas contas da companhia. Relatório recente emitido pelo Credit Suisse calcula que gastos com o combustível equivalham a aproximadamente 40% dos custos da Gol – porcentagem elevada no decorrer do ano de 2011.
A empresa ainda teve custos com devolução de aeronaves Boeing 767 menos eficientes, multas com recisão de contratos com fornecedores e despesas com ativos das adquiridas Varig e WebJet. No quarto trimestre, as despesas operacionais da empresa subiram 41%, puxadas por salto de 56,6% nos custos com combustíveis, 30,3% com pessoal e de 147,8% com material de manutenção.
Concentração no Brasil - A Gol gerou 94% da receita no Brasil no ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg. Essa concentração a levou a uma dependência maior da moeda local, que também teve uma forte desvalorização durante o ano passado. A TAM, sua maior concorrente, sofreu menos por ser mais diversificada: tem 31% de suas receitas provenientes do mercado internacional.
O risco de ter suas receitas atreladas quase que totalmente às vendas feitas para voos dentro do país pode diminuir depois da fatia de comprada pela Delta, por 100 milhões de dólares, em dezembro. Por meio dela, a Gol poderá vislumbrar a capilaridade necessária para voar para o mercado americano. O primeiro passo em direção a essa alternativa foi dado em março, quando a Gol solicitou à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) uma consulta sobre a disponibilidade de 14 frequências semanais para os Estados Unidos e sete para a Venezuela.
Se aprovado, os vôos terão lugar aos domingos, segundas, quartas, quintas e sextas-feiras. Os passageiros que embarcarão em São Paulo e Miami não teriam que mudar de avião e só teriam que passar por check-in e despacho de bagagem procedimentos uma vez.
Briga mais acirrada - Porém, enquanto a Gol for basicamente orientada pelo mercado doméstico, a competição pelo mercado doméstico continua sendo sua principal missão. Uma disputa que não para de crescer. No ano passado, houve um aumento ainda maior da competição no mercado interno, que fez com que o yield (indicador do preço das passagens aéreas) tivesse uma queda de 4,8% no ano em relação ao mesmo período de 2010.
Gestão mais simples - Todos esses novos desafios fizeram com que a Gol tivesse de arrumar a casa para continuar sendo competitiva. Em setembro, a empresa anunciou, para essa finalidade, uma reestruturação que incluía uma organização mais simples: três vice-presidências, ao invés de quatro, e 21 diretorias ante 25 na estrutura anterior.
"A simplificação alinha-se com os objetivos estratégicos da companhia e sua busca permanente por cada vez mais eficiência, integração entre as áreas e competitividade, configurando-se como um passo importante na consolidação da companhia no ambiente de negócios", disse o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Jr, em setembro.
Iniciativas para simplificar o atendimento e incentivar o uso de compras remotas e autoatendimento também foram feitas. “As ações fizeram com que as filas diminuíssem de 15% para 35% durante o ano”, afirma Constantino Júnior.
Trata-se de um desafio e tanto para quem precisa absorver 215 milhões de reais em dívidas da Webjet, adquirida em julho do ano passado. As medidas para essa finalidade, adotadas desde o ano passado incluíram a devolução de cinco Boeings 767, em um ano em que a empresa prevê um crescimento na demanda do mercado brasileiro de 7% a 10%.
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