Da fusão de três companhias aéreas gregas surgiu, em 1957, a Olympic Airways, «comandada» pela armador grego Aristoteles Onassis, com uma frota de Boeings 707 com decoração de alto requinte, animação ao vivo, ementas sofisticadas em primeira classe, e tripulantes vestidos por Pierre Cardin.
Escusado será acrescentar que o projecto enfrentou dificuldades, na falta de magnatas que quisessem viajar em estilo, juntando viagens de negócios com momentos relaxantes no ar, em vez de preferirem ler relatórios, ou simplesmente descansar.
Pior, em 1973, o filho, Alexandre Onassis, faleceu num acidente aéreo, motivando a saída do pai de todos os seus negócios aéreos, acabando por vender a empresa ao Estado, quando a maioria dos governos europeus ainda se orgulhava de manter frotas aéreas como «embaixadas voadoras» com grandes comitivas de convidados oficiais.
Os governos de Atenas foram, entretanto, aumentando as despesas deste encargo, com novas rotas, subsidiárias, frota, e, assim, acumulando mais prejuízos.
Em 2003, sob pressão da Comissão Europeia, a Olympic Airways fundiu a Macedonian Airlines e a Oympic Aviation, apresentou aos credores um plano de recuperação, e mudou o nome para Olympic Air, ao mesmo tempo que reactivava o processo de privatização.
Ao cabo de 63 anos de existência, 38 dos quais sob gestão pública, e quando o Estado estava a arcar com os pesados encargos das operações diárias, a Olympic Airlines vai, finalmente, passar a operar como empresa privada subsidiária da Aegean Airlines.
Esta concorrente privada já tinha tentado a aquisição em 2011, mas a Comissão Europeia fez então valer as rígidas normas do primado da concorrência e não aprovou a fusão, sustentando que criaria, assim, as condições para o monopólio dos transportes aéreos na Grécia.
Passados dois anos, a Comissão Europeia relativizou os perigos do monopólio e aprovou, agora, a operação por 72 milhões de euros.
Como é sabido, a situação não é brilhante na Grécia nem na aviação comercial.
A procura dos voos da Olympic baixou 28% em 2012 e mais 6,3% no primeiro semestre de 2013.
Mas a Aegean Airlines – a melhor companhia regional europeia em 2008, 2009, 2011 e 2012 – tem resistido bem, aumentando o tráfego, neste quatro anos, nas suas 32 rotas, em 85%, transportando 8 milhões de passageiros por ano.
Prevendo-se as sinergias da integração dos serviços administrativos e comerciais das duas empresas, a administração da Aegean estima poupar 35 milhões de euros por ano, sem contudo referir no comunicado se vai, ou não, manter as cerca de 15 rotas internacionais da Olympic, ou procurar novas parcerias e mercados.
Este projecto grego de aviação comercial data de 1930 com o nome Icarus, seguindo-se a marca Hellenic e TAE, passando a Olympic Airways em 1957, Oympic Air em 2003, e Olympic Airlines em 2009, resta saber, agora, até que ponto a fusão vai evoluir. Na anterior tentativa da Aegean, a proposta incluía a continuação da marca Olympic.
De qualquer modo, a Olympic Airlines saiu, finalmente, do curto rol de companhias aéreas europeias «encalhadas» sem comprador aprovado por Bruxelas, onde continua, entre outras, a Aer Lingus num prolongado conflito concorrencial com a Ryanair.
Neste período a Turkish Airlines, a grande concorrente da Grécia, tem crescido a níveis exponenciais. Em 2007 tinha uma frota de 100 aviões, hoje tem 233, que voam para 238 destinos em 104 países, incluindo para Portugal desde 2005. Na próxima época, a Turkish Airlines vai lançar quatro voos semanais Porto-Istambul. E a Turkish Airlines conquistou em 2013 o prémio Skytrax da Melhor Companhia Aérea Europeia
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