PARA HOSPEDAGEM CLIQUE NA IMAGEM

PARA HOSPEDAGEM CLIQUE NA IMAGEM
PARA HOSPEDAGEM CLIQUE NA IMAGEM

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Efromovich apresenta proposta para adquirir controle da VarigLog



O empresário German Efromovich, presidente da OceanAir, apresentou ontem em assembleia de credores uma proposta para adquirir a VarigLog, ex-subsidiária de cargas da velha Varig que entrou com pedido de recuperação judicial em 3 de março.

Efromovich se comprometeu a adquirir a VarigLog sob a condição de que os credores aprovem um plano de recuperação que prevê deságios de até 90% no pagamento das dívidas, dependendo da característica do credor.

Ao Estado, Efromovich declarou que foi convidado a olhar o negócio por Lup Wai Ohira, presidente da VarigLog e irmã de Lap Chan - ex-sócio do fundo americano Matlin Patterson, que adquiriu a VarigLog, e posteriormente a Varig. O Matlin adquiriu a VarigLog em sociedade com três sócios brasileiros, numa operação constituída para driblar a legislação que limita a participação de estrangeiros em companhias aéreas. Para vencer a resistência da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em aprovar o negócio, o fundo contou com a assessoria de Roberto Teixeira, amigo do presidente Lula.

Uma briga judicial entre o Matlin e os sócios brasileiros levou à companhia à bancarrota e, no mês passado, o Matlin decidiu deixar a sociedade. Por simbólicos US$ 100, o fundo americano vendeu a empresa para Lup Ohira, que se apresentou ontem na assembleia como dona de 100% do capital da VarigLog, embora a transferência acionária não tenha sido aprovada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O fundo entrou com pedido de alteração societária no dia 21 de agosto. Procurada, a Anac informou que o pedido "está em análise".

Dos três sócios brasileiros afastados judicialmente da sociedade sob a acusação de gestão temerária, um fez acordo. Os outros dois, Marco Antonio Audi e Marcos Haftel, estão recorrendo da decisão e tentam impugnar a recuperação judicial.

Eles argumentam que, antes de entrar com pedido de recuperação, o Matlin teria pago a si próprio parte das dívidas que a VarigLog tinha com o fundo. Segundo os advogados dos brasileiros, Marcello Panella e Alexandre Thiollier, trata-se de uma "ilegalidade vender as ações dos sócios brasileiros, sendo que elas estão pendentes de decisão judicial". Ontem, eles entraram com um pedido de liminar no Tribunal de Justiça de São Paulo para tentar impedir a transferência acionária.

Para Efromovich, esse imbróglio judicial envolvendo os sócios da VarigLog não é problema. "É só analisar os processos. Acreditamos que eles (Audi e Haftel) não têm direitos sobre a VarigLog." Efromovich não quis revelar quanto pagará para assumir a companhia. "Isso é uma coisa que diz respeito apenas a mim e a Lup." Segundo fontes, o negócio gira em torno de US$ 100 mil. Com isso, assumiria uma companhia que tem dívidas de R$ 400 milhões.

Com negócios que vão da exploração de petróleo à aviação, Efromovich ganhou notoriedade no setor aéreo depois de adquirir a colombiana Avianca. Na época a empresa estava em processo de recuperação judicial nos Estados Unidos e Efromovich conseguiu recuperá-la.

Durante a assembleia de ontem, os credores pediram mais prazo para apreciar o plano de Efromovich. Para forçar a aprovação até a sexta-feira, dia 18, Lup Ohira declarou que a rejeição do plano a levará a decretar a autofalência da companhia. Mas prevaleceu a vontade dos grandes credores, como o fundo Atlantic (que pertence à chilena Lan) e o fundo de pensão Aerus, que decidiram agendar uma nova assembleia para o dia 23. No início da próxima semana, os credores devem se reunir com a empresa para discutir como melhorar a proposta.

A VarigLog opera hoje com 4 Boeings e tem 700 funcionários. O prejuízo mensal é de R$ 5 milhões. Caso consiga convencer os credores de sua proposta, Efromovich conseguirá desbloquear os US$ 20 milhões que a companhia possui na Suíça e que foram penhorados pelo Atlantic. Conseguirá ainda desbloquear ações da Gol que fazem parte do pagamento feito pela empresa para a aquisição da Varig. A preço de dezembro, essas ações estariam valendo R$ 28 milhões.

Para o advogado da Atlantic, Rafael Gagliardi, do escritório Demarest & Almeida, a proposta de Efromovich é "obscura" e não apresenta planos de investimentos. "Ele quer pagar só 10% a partir de 2012. O resto, só se o faturamento aumentar 500 vezes. Se isso não acontecer, a gente só recebe depois de 2052, sem juros nem correção."

Entenda o caso - 2005: O fundo Matlin Patterson, por meio da subsidiária Volo do Brasil, adquire a VarigLog e submete a nova sociedade à apreciação da Anac

Abril de 2006: A Anac não aprova a transferência do controle societário para a Volo, por entender que o controle efetivo estaria nas mãos do fundo estrangeiro, contrariando a legislação nacional

Junho de 2006: Pressionada pela Casa Civil, a Anac recua e aprova a transferência do controle acionário da VarigLog. Para ajudá-la no trâmite na Anac, a VarigLog contratou o advogado Roberto Teixeira, amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Julho de 2006: A VarigLog adquire a Varig, evitando a falência

Março de 2007: A Varig é vendida para a Gol por R$ 320 milhões. Começa a briga judicial entre o fundo e os sócios brasileiros pelo dinheiro pago pela Gol. Afastados da sociedade, os brasileiros recorreram da decisão

Março de 2009: VarigLog entra com pedido de recuperação judicial.

Estado de São Paulo

Nenhum comentário: