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terça-feira, 8 de setembro de 2009
Flex, antiga Varig, opera com problemas de caixa
A Varig antiga, que opera atualmente com a marca Flex, está com suas atividades comprometidas por sérios problemas de caixa antes mesmo da decretação do fim de sua recuperação judicial no início desta semana.
Isso é o que mostra seu último relatório, referente a julho, quando a empresa projetou saldo negativo de R$ 837 mil para agosto. Para piorar, com o fim da proteção judicial qualquer credor pode pedir sua falência. "O fluxo de caixa projetado para agosto de 2009 não suporta os compromissos das empresas em recuperação judicial, apresentando-se também deficitário em todo o período projetado (agosto de 2009 a julho de 2010)", informa o gestor judicial da Flex, Aurélio Penelas.
Isso tem acontecido porque a Flex tem um volume muito maior de pagamentos do que de receita. A empresa só não encerrou as atividades por causa de ganhos extraordinários, como desbloqueios de depósitos em juízo, por exemplo. O advogado da Flex, Paulo Penalva Santos, afirma que a ameaça de paralisação da empresa existe, "em tese". Ele disse acreditar na manutenção da operação da companhia.
"O encerramento da recuperação judicial não prejudica em nada. Pelo contrário, significa uma redução substancial das despesas", diz ele. A maior esperança de salvação da Flex reside no "encontro de contas" entre o que o governo deve à Flex por perdas com o congelamento de tarifas entre os anos 80 e 90 e o que ela deve de impostos.
No entanto, a negociação, conduzida pela Advocacia Geral da União (AGU), está em compasso de espera por causa de uma divergência de valores. Enquanto a Flex, o fundo de pensão Aerus e credores trabalhistas reivindicam R$ 5 bilhões a serem pagos em 20 anos, a AGU propõe R$ 3 bilhões, segundo fontes do setor. No relatório, o gestor judicial da Flex informa que continua aguardando a posição da AGU.
"Insistimos, porém, que a possibilidade concreta de paralisação das atividades das empresas em recuperação judicial nos leva a temer pela construção do citado acordo", informou o gestor da Flex, antes do fim da recuperação judicial, decretada pelo juiz Luiz Roberto Ayoub no início desta semana. Com o encerramento da proteção judicial, a Fundação Ruben Berta, dona de 87% do capital da Flex, deve voltar a administrar a empresa.
O fluxo de caixa projetado da Flex indica que o déficit aumentaria para R$ 3,4 milhões neste mês, depois para R$ 5,5 milhões em outubro, chegando a R$ 8,3 milhões em novembro. Para dezembro, a projeção aponta para um rombo de R$ 11,6 milhões. Em julho de 2010, o saldo negativo previsto é de R$ 29 milhões. O relatório sobre a situação econômico-financeira da Flex mostra, ainda, que até o dia 31 de julho a companhia acumulava R$ 9,9 milhões de pagamentos atrasados.
Deste total, R$ 6,2 milhões referem-se a parcelas do Parcelamento Excepcional (Paex) de débitos com a Receita Federal. Outros R$ 2,2 milhões são de mensalidades para a administradora judicial, a consultoria Deloitte. Só de conta de luz da sede nos arredores do Aeroporto Santos Dumont são R$ 223,8 mil.
Portal Exame
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