Eram absolutamente falidas. Dependiam de decisões judiciais acerca do impacto de planos econômicos para ganhar algum e tentar zerar as suas contas.
Essa era a realidade de grandes empresas como a Varig, Transbrasil, Vasp e de outras que sumiram na poeira do tempo.
Hoje em dia a situação é outra. As principais empresas aéreas brasileiras não devem nada a ninguém. Não estão penduradas em dinheiro público.Nem estão em atraso nas taxas aeroportuárias nem no pagamento do combustível. Voam aeronaves novas e estão entre as melhores companhias aéreas do mundo.
No entanto, apesar dessa invejável situação, o governo está jogando contra e parece desejar a volta ao passado.
Em vários aspectos, o quadro não é dos melhores. No tocante à infra-estrutura, desde a crise do apagão aéreo (setembro de 2006), nenhum metro de pista foi construído no triângulo Brasília – Rio – São Paulo.
Pelo contrário, agora querem acabar com o aeroporto de Campo de Marte e deslocar a aviação geral – a segunda do mundo – para sabe-se lá Deus aonde.
Houve, ainda, por conta dos acidentes, interpretações equivocadas do volume de pousos e decolagens nos aeroportos. Temos a situação paradoxal de ter o Aeroporto de Congonhas subutilizado.
Porque acabar com um aeroporto em uma situação onde temos aeroportos de menos e tráfego aéreo demais?
Em condições normais, o volume de passageiros na aviação deve crescer cerca de 8% ao ano nos próximos anos.
Significa que os aviões terão que aumentar a oferta de assentos em quase cinqüenta por cento nos próximos cinco anos.
Em muitos países as empresas aéreas e a aviação são tratadas de forma estratégica. Tanto pelo aspecto militar quanto geopolítico e comercial.
Daí o governo norte americano ter injetado milhões de dólares nas empresas aéreas e manter programas de apoio e incentivo às mesmas.
No Brasil, além das empresas não terem subsídios nem políticas de estímulo, a visão estratégica da aviação foi perdida com o fim do Departamento de Aviação Civil (DAC).
A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) funciona de forma errática e inconsistente. Age mais como se fosse uma agência do consumidor do que do setor aéreo, o que é um grave equívoco.
Duas medidas recentes foram muito ruins para o setor e mereceu uma inédita condenação unânime dos sindicatos de empresas e de trabalhadores.
A questão do política tarifária de vôos internacionais, que é tanto contra as empresas nacionais quanto contra o turismo interno.
Agora, a partir de uma audiência pública virtual, a ANAC baixou uma resolução – a de número 113 – que prejudica as empresas aéreas nos aeroportos e despreza a aviação geral, base da formação de pilotos e mecânicos da aviação comercial.
A norma estabelece critérios e procedimentos para a alocação de áreas aeroportuárias.
O Brasil de hoje tem pretensões de ser reconhecido como potência mundial. Um dos vetores das grandes potências é a presença de empresas aéreas de bandeira em escala mundial.
É o caso dos Estados Unidos, França, Alemanha, Canadá, Rússia, entre outros. Mesmo países minúsculos, como os Emirados Árabes, investem pesado na aviação.
No Brasil, falta ao governo visão estratégica sobre o setor. Parece que temos saudades dos tempos que as empresas eram quebradas, deviam muito e a todos.
Não é o que queremos para o Brasil. A ANAC deveria ser a primeira a se preocupar com isso.
Murillo de Aragão
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