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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Para Air France KLM, Brasil e China vão liderar expansão do mercado


A crise ainda paira sobre a aviação comercial mundial e apenas economias que têm demonstrado solidez, como as do Brasil e da China, é que devem alavancar o setor aéreo em 2010. A avaliação é do vice-presidente da Air France KLM para o mercado internacional, Erik Ferdinand Varwijk. Em entrevista ao Valor durante sua segunda passagem pelo Brasil, o executivo afirma que o grupo está atento ao crescimento brasileiro e já planeja investir em novos voos no país a partir de meados do ano que vem.

O plano de expansão da Air France KLM para o Brasil terá início em meados de junho. Será quando a holandesa KLM, que este ano completou 90 anos, vai tornar diária a frequência entre São Paulo e Amsterdã (Holanda), que era realizada seis vezes por semana. Na Air France também serão diários os dois voos de Paris para São Paulo e Rio. Antes, eram 12 voos por semana entre Rio e Paris e 13 voos semanais entre São Paulo e Paris.

"Apesar da crise, nós vimos uma crescente demanda nas viagens domésticas no Brasil, o que é um sinal do forte crescimento do setor aéreo brasileiro", afirma Varwijk, economista de formação que, em 1989, começou a trabalhar na KLM, onde ocupou diversas funções. "A economia brasileira vai crescer mais rápido do que outras economias. A relevância do Brasil vai continuar crescendo e a Air France/KLM vai continuar a investir em mais voos no Brasil nos anos que virão", acrescenta o executivo, nascido em Amsterdã.

A Air France KLM também vê potencial de crescimento na África, especialmente Nigéria e Gana, conta Varwijk. Segundo ele, o mercado americano também tem chances de apresentar sinais de melhora. Com essas perspectivas, o grupo europeu espera alcançar o equilíbrio entre gastos e receitas em 2010, afirma o executivo.

"Tudo está correndo de acordo com o nosso planejamento. Nós deveremos alcançar o "break even" no próximo ano. Tudo vai depender, obviamente, do que vai acontecer no mercado mundial. Ao mesmo tempo, nós vamos manter nosso foco na redução de custos", afirma Varwijk.

Ele se referiu ao plano de corte de custos da Air France KLM anunciado em novembro. Entre algumas das medidas, o grupo abriu um programa de demissões voluntárias, com o objetivo de alcançar 1.700 empregados. Esse plano foi anunciado no mesmo dia em que a Air France KLM informou prejuízo de € 573 milhões no primeiro semestre fiscal, sendo que no mesmo período de 2008 a companhia obteve lucro de € 176 milhões.

Também presente à entrevista, o diretor-geral da Air France KLM no Brasil, Marc Bailliart, afirmou que os cortes de custos não chegarão à operação no Brasil, onde a empresa tem 240 funcionários. "O que está acontecendo na França e Holanda é diferente. Não temos planos de diminuir o número de empregados aqui", diz Bailliart.

Questionado se a Air France KLM poderia adquirir participação acionária em alguma companhia brasileira, com a iminente aprovação do aumento de limite de capital estrangeiro em empresas aéreas nacionais de 20% para 49%, Varwijk descartou essa possibilidade. Afirma estar contente com a parceria com a Gol.

"Estamos muito contentes com o crescimento da companhia junto com a Gol. Nós vemos todos os dias 40 a 50 passageiros da Gol fazendo conexão com voos da Air France KLM. Nós esperamos ampliar essa cooperação com o passar dos anos, mas sem necessariamente investir no Brasil", afirma o executivo.

Além do code share, a Air France KLM participa junto com a Gol e com a TAM do Grupo dos Usuários de Combustível Sustentável de Aviação (Safug, na sigla em inglês), que conta com a americana Boeing como incentivadora. No fim de novembro, a KLM se tornou a primeira companhia aérea do mundo a realizar um voo com passageiros com uso de biocombustível. O avião foi um Boeing 747 que transportou 40 pessoas. Entre os convidados estava a ministra holandesa de Economia, Marie van der Hoeven, demais autoridades e jornalistas. A aeronave decolou de Amsterdã e fez um voo de uma hora.

De acordo com Varwijk, é possível que o uso de biocombustível em voos regulares de passageiros possa ser viabilizado em até 10 anos. "A coisa mais importante é que mostramos ao mundo que você pode voar com segurança com esse novo tipo de combustível", diz o executivo, acrescentando a importância de parcerias com companhias de combustível e de governos para o desenvolvimento do biocombustível em larga escala.

Valor Econômico

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