O ministro de Aviação Civil, Praful Patel, ofereceu sua renúncia neste sábado, ao responsabilizar-se pelo acidente do avião da Air India Express, que matou 158 dos 166 a bordo. O avião saiu da pista e explodiu ao aterrissar no aeroporto de Bajpe, em Mangalore, no sul do país.
Segundo o jornal "Times of India", o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, rejeitou o pedido de Patel, que teria relatado seu sentimento de "profunda angústia" com a tragédia.
Patel disse a Singh, segundo o jornal, que fez muito pelo setor de aviação civil nos últimos seis anos e se sente "pessoalmente moralmente responsável por um incidente tão trágico e triste".
AP |
Bombeiros indianos e membros da equipe de resgate tentam extinguir chamas do avião da Air India Express |
Singh teria respondido que Patel não precisava renunciar e que deveria focar em enfrentar a situação.
Segundo o próprio ministro contou aos repórteres, singh afirmou que certas coisas estão fora do nosso controle. "Se há qualquer erro para ser corrigido, ele deve ser corrigido", disse Singh, segundo relato de Patel.
Quando questionado sobre a renúncia, Patel afirmou que os assuntos discutidos não devem vir a público.
Muitos questionaram as condições da pista do aeroporto de Bajpe e especularam que esta seria a causa do acidente.
O próprio Patel, contudo, disse mais cedo que as informações preliminares indicam que o piloto do Boeing-737 errou o procedimento de aterrissagem.
O piloto voou por 2.000 pés, cerca de 600 metros, a mais do que deveria sobre a pista e, por isso, não teria tido distância suficiente para fazer a aterrissagem na pista do aeroporto de Bajpe, em Mangalore, no sul da Índia.
Patel disse ainda que a pista em que o avião da Air India Express aterrissou era a maior das duas do aeroporto. Ela tinha 8.000 pés (cerca de 2.400 metros), contra 6.000 pés (cerca de 1.800 metros) da outra.
Ele disse a repórteres que a observação preliminar mostrou que não havia problemas com a pista do aeroporto, construída há apenas quatro anos, e nem com o Boeing-737 da Air India Express, uma companhia de baixo custo pertencente a estatal Air India.
Patel disse que o piloto Zlatko Glusica, britânico de origem sérvia, e o copiloto H S Ahluwalia conheciam o aeroporto e já haviam feito diversas aterrissagens no local.
A imprensa local afirmou mais cedo que o piloto tem mais de 10 mil horas de experiência de voo. No momento do acidente, chovia forte em Mangalore.
O ministro afirmou ainda, segundo o jornal, que os dados iniciais mostram que o quociente de fricção da pista estava correto e foi certificado pela DGAC --o que significaria que o avião não derrapou pela má qualidade da pista.
Mais cedo, o vice-presidente da Air India Express, V.P. Agarwal, disse a jornalistas que o piloto não demonstrou qualquer motivo de preocupação quando recebeu autorização para pousar e teve visibilidade suficiente. Segundo a imprensa local, chovia no momento da aterrissagem.
Ele disse ainda que uma investigação detalhada será realizada peça Direção Geral de Aviação Civil para verificar com certeza a causa da tragédia.
"A DGAC ordenou uma investigação. A AIr India também formou uma equipe, liderada pelo diretor executivo, para estabelecer as circunstâncias, coletar dados e ajudar a DGAC", disse.
A caixa-preta, que armazena rodos os dados do avião e as conversas entre os pilotos e a Torre de Controle, já foi recuperada. Os seus dados, contudo, ainda não foram avaliados.
Indenização
O primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, anunciou neste sábado que o governo vai pagar uma indenização de 200 mil rúpias indianas (cerca de R$ 8.000) para cada família das vítimas.
O premiê anunciou ainda uma indenização de 50 mil rúpias indianas (cerca de R$ 2.000) para cada um dos oito sobreviventes da tragédia. O dinheiro virá do Fundo de Auxílio Nacional.
Singh cancelou ainda, em respeito às vítimas, um evento para comemorar o primeiro ano do governo UPA.
Acidente
O Boeing-737 da Air India Express, companhia aérea de baixo custo da estatal Air India, vinha de Dubai e aterrissava às 6h (21h30 desta sexta-feira em Brasília) quando derrapou, pegou fogo e explodiu, segundo o Ministério de Aviação Civil.
O canal NDTV, de Nova Déli, mostrou imagens do avião, completamente destruído e queimado e apenas a cauda intacta, no barranco em que caiu após ultrapassar a pista do aeroporto de Bajpe, localizado em uma colina cerca de vinte quilômetros de Mangalore.
O diretor de Recursos Humanos da Air India, Anup Srivastava, disse em uma entrevista a jornalistas que havia 160 passageiros e seis membros da tripulação no avião.
Srivastava afirmou ainda que oito passageiros foram resgatados com vida dos destroços e encaminhados aos hospitais da região. "Até onde sabemos, apenas oito pessoas foram retiradas do local com vida, mas as equipes de resgate ainda trabalham no local". Ele não quis confirmar a morte dos outros 158 passageiros.
Dos oito sobreviventes, pelo menos três estão em estado crítico, dois ficaram levemente feridos e um outro foi liberado após receber cuidados médicos, segundo a Aviação Civil.
Em entrevista à rede americana CNN, um funcionário da companhia informou que, até o momento, 127 corpos foram resgatados dos destroços.
Segundo um comunicado da Aviação Civil, havia 23 crianças, incluindo quatro bebês, entre os passageiros. Ainda não se sabe a nacionalidade de todos os passageiros, mas a maioria era do Estado indiano de Kerala, vizinho do Estado de Karnataka, onde ocorreu o acidente. Dubai é um destino comum entre os indianos.
Sobreviventes
Falando às câmeras de televisão, um sobrevivente disse que ter havido um "problema" com a pista porque o avião começou a tremer quando tocou o chão.
O passageiro, que sofreu queimaduras no rosto e fugiu do avião por uma das rachaduras na fuselagem, disse ainda que uma das rodas do avião quebrou e, logo após, houve uma explosão.
O aeroporto de Bajpe está localizado numa colina cercada por vales e desfiladeiros e é considerado um dos mais complicados da Índia para pousos e decolagens.
Outro sobrevivente, identificado como Mainkutty Kerala, disse que "não houve nenhum aviso de qualquer problema aos passageiros e parecia uma aterragem tranquila".
"Imediatamente após tocar o solo, o avião fez um movimento brusco e logo caiu em um bloco, algo como um edifício", descreveu.
"O avião quebrou na metade e pegou fogo", acrescentou Mainkutty, que escapou por uma brecha, juntamente com outros quatro ou cinco passageiros.
"Eu renasci", disse o passageiro sem ferimentos graves, Puttur Ismail Abdullah, que descreveu a explosão à PTI.
Ele disse que a roda do avião explodiu quando o avião caiu e que conseguiu manter a calma, desatar o cinto de segurança e escapar por um buraco na parte de cima do Boeing. Ele correu cerca de 500 metros até que alguns moradores vieram em seu socorro.
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