Em carta distribuída aos funcionários da empresa em todo o país, o presidente da Infraero, brigadeiro Cleonilson Nicácio, classificou de “inverídico” e “sem base técnica” o Relatório de Desempenho Regulatório 2008, elaborado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e divulgado em março passado. Com termos duros, o dirigente da estatal responsável pela gestão dos 67 aeroportos federais no país refuta as críticas feitas à empresa no documento. “É preocupante que um relatório oficial da agência reguladora apresente informações distorcidas, sem a necessária preocupação de demonstrar sua veracidade”, diz a carta.
A assessoria da Infraero informou que o texto só foi distribuído na quarta-feira passada. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o secretário de Aviação Civil, brigadeiro Jorge Godinho, não receberam o comunicado. Até ontem à tarde, a diretoria da Anac também não conhecia a carta, divulgada com gráficos para contestar as conclusões do relatório da agência. Nicácio contesta as análises e conclusões da Anac sobre a crise aérea de 2007. “Afirmar que a infraestrutura aeroportuária foi responsável pela chamada crise aérea é distorcer a verdade dos fatos”, escreve.
No texto, o brigadeiro devolve as críticas à infraestrutura aeroportuária feitas pela agência e diz que a crise aérea deveu-se mais à inoperância da Anac do que ao funcionamento dos aeroportos. “Observaram-se diversas falhas na atuação da Anac, sendo que muitos problemas ocorreram por erro ou omissão daquela agência”, rebate Nicácio. E prossegue: “Nenhum evento ocorrido ao longo da crise decorreu da insuficiência de infraestrutura, a não ser o acúmulo de passageiros nos aeroportos, em função do fechamento do espaço aéreo em mais de uma ocasião e do excesso de vendas de passagens”.
Relação de problemas
Em sua carta, o presidente da Infraero, brigadeiro Cleonilson Nicácio, relaciona os principais problemas que causaram o caos aéreo: o acidente do avião da Gol em setembro de 2006, os movimentos grevistas de controladores militares de tráfego, o excesso de venda de passagens aéreas no fim de 2006 e o acidente do avião da TAM, em julho de 2007, com quase 200 mortos.
Detalhista, o brigadeiro esmiuça o relatório produzido pela Anac e aponta falta de provas para as conclusões da agência. “Utilizar expressões como ‘expansão insuficiente’, ‘desequilíbrio entre demanda e oferta’, ‘estrangulamento da infraestrutura’, ‘escassez de infraestrutura’, ‘aeroporto saturado’, atribuindo tais qualificações à rede de aeroportos brasileiros, sem apresentar provas da veracidade de tais assertivas, é totalmente inadequado”, escreve. Em clima de desabafo, ele afirma ainda que a conclusão da agência induz os leitores a acreditar na falência do sistema público de exploração de aeroportos.
Fonte: A eroportos do Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário