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terça-feira, 29 de setembro de 2009
Ponto cego
Dois jatos de última geração, novos, pilotados por experientes comandantes, se chocaram no ar. Um deles, da companhia aérea Gol, despedaçou-se caindo no município de Peixoto de Azevedo, sobre a mata na calha do rio Xingu, região norte de Mato Grosso, matando os seis tripulantes e os 148 passageiros.
Esse acidente, no Brasil o segundo em número de vítimas, aconteceu na tarde de 29 de setembro de 2006, portanto há três anos. A Força Aérea Brasileira (FAB) instaurou inquérito policial militar para apurar as causas, e em outras esferas da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e o Ministério Público Federal em Mato Grosso também aprofundaram investigações.
Imediatamente após o acidente, a associação dos pilotos fez uma denúncia muito grave: revelou que na aerovia Brasília-Manaus há o chamado “ponto cego” num trecho da rota que se estende entre o norte e o nordeste de Mato Grosso, na área onde as duas aeronaves se chocaram.
A denúncia mereceu cautelosa resposta da ANAC e da FAB. Ambas admitiram o tal ponto cego, que resumidamente significa uma área onde as torres de controle em Brasília e Manaus perdem a comunicação por rádio com o avião que a sobrevoa.
Nenhuma autoridade detalhou se além do corte da comunicação o avião também desaparece dos radares do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam). Porém, independentemente de permanecer ou não na telas, está claro que a aviação civil no ponto cego em Mato Grosso é atividade de alto risco.
Transcorridos exatos três anos do trágico acidente aéreo o Ministério da Defesa não se pronunciou sobre o problema do ponto cego, nem anunciou nenhum investimento para ampliar a capacidade de vigilância do Sivam, e assim eliminar essa falha estrutural.
Diante da omissão das autoridades do setor sobre a falha na segurança da aviação civil em parte do território de Mato Grosso, cabe aos senadores e deputados federais da bancada mato-grossense uma enérgica ação cobrando informações e exigindo que a comunicação das torres com as aeronaves seja estabelecida. O que não pode persistir é a aventura de agora, com uma aerovia utilizada inclusive por rotas internacionais, onde o “visual” é a grande ferramenta dos comandantes.
O Ministério da Defesa tem que agir antes que ocorra novo acidente na rota Brasília-Manaus e também para dotar as regiões norte (Xingu) e nordeste (Araguaia), de moderno sistema de comunicação entre torres e aeronaves, fato esse que contribuirá para reprimir os vôos clandestinos de aviões de pequeno porte utilizados por narcotraficantes. A prática nos ensina que para fazer o poder público funcionar é preciso cobrá-lo insistentemente. Que a bancada federal o faça, a partir de agora.
“O Ministério da Defesa tem que agir antes que ocorra novo acidente”.
DIÁRIO DE CUIABÁ
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