A companhia aérea Azul informou nesta quarta-feira que testará no início de 2012 um combustível para aviões fabricado a partir da cana-de-açúcar pela empresa americana Amyris.
O voo de demonstração com o combustível ecológico é produto de um acordo anunciado hoje pela Azul, a Amyris, a Embraer - fabricante de aviões para a companhia aérea - e a General Electric - responsável pelos motores.
O acordo compromete a Azul a realizar pelo menos um voo de demonstração para testar o potencial do combustível vegetal "No CompromiseTM" com um avião Embraer adaptado.
O combustível de fonte renovável foi desenvolvido pela Amyris, uma multinacional que faz testes com derivados de cana-de-açúcar em Campinas.
Os primeiros testes serão realizados com uma mistura do combustível convencional com uma porcentagem ainda não definida do derivado da cana-de-açúcar.
O objetivo do projeto é buscar alternativas para reduzir as elevadas emissões de gases poluentes geradas pela aviação mundial.
"Este é um grande e inovador passo dado pela indústria de transporte aéreo na luta contra o aquecimento global", afirmou o presidente da Azul, David Neeleman, em coletiva de imprensa.
Segundo o diretor de meio ambiente da Embraer, Guilherme Freire, o transporte aéreo é responsável por cerca de 2% das emissões dos gases causadoras do efeito estufa no mundo todo e a tendência é que essa porcentagem se eleve a 3% em 2050.
O novo combustível já foi testado pelo Laboratório de Pesquisas da Força Aérea dos Estados Unidos, pelo Instituto de Pesquisas Southwest, pela GE Aviation e por outras indústrias, mas ainda não foi testado em aviões comerciais.
O diretor de desenvolvimento comercial da General Electric, Claudio Loureiro, explicou que, apesar de outras companhias aéreas já terem feito testes para experimentar outros combustíveis vegetais, a Azul será a primeira a usar um derivado da cana.
Segundo ele, atualmente a companhia aérea Continental Airlines desenvolve um projeto associado com a fabricante americana Boeing para testar outro combustível vegetal, cuja matéria-prima não foi revelada.
O diretor-geral da Amyris, Roel Collier, assegurou que as pesquisas mostraram até agora que o uso da cana-de-açúcar como matéria-prima para os combustíveis de aviação é viável e sustentável tanto econômica como ambientalmente.
Collier acrescentou que os motores podem alcançar com o combustível alternativo o mesmo desempenho que têm com o convencional.
O executivo explicou ainda que a Amyris pretende transformar o Brasil em uma plataforma para a produção e exportação do combustível de cana-de-açúcar e, para isso, negociará nos próximos dias a aquisição de industrias para processar etanol.
Além de ser o maior produtor e exportador mundial de açúcar e de etanol de cana-de-açúcar, o Brasil conta com uma frota de automóveis em sua maioria adaptada para usar o combustível vegetal, que já é mais consumido que a gasolina.
epa
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