A base para o sucesso profissional, que normalmente envolve a carreira de um aluno formado pelo ITA, é resultado de um esforço acima da média, que começa muito antes do vestibular e só termina cinco anos depois, com a formatura. Mais de seis mil candidatos disputam todos os anos uma das 120 vagas oferecidas para os cinco cursos de engenharia da instituição, atraídos pela oportunidade de estudar numa das escolas de maior prestígio do país. Antes mesmo de terminar o curso, o aluno do ITA já começa a sentir os benefícios do seu empenho. Segundo levantamento da reitoria, no último ano do curso, mais de 90% dos alunos já conseguiram uma colocação no mercado. "As empresas começam a procurá-los na escola seis meses antes deles se formarem", diz o reitor Reginaldo dos Santos. Foi assim que aconteceu, por exemplo, com o atual presidente da Embraer, Frederico Fleury Curado. "Eu ingressei na empresa como engenheiro trainee um mês depois de formado", conta. O executivo costuma brincar que "sair do ITA (formado, claro) é mais difícil que entrar." Segundo ele, a escola sempre foi um celeiro para diversas áreas da sociedade, inclusive fora dos setores tradicionais de engenharia e indústria, como bancos e consultorias. "Isso acaba ocorrendo em função da sólida formação acadêmica e da boa capacidade dos alunos, em geral." A aluna do quinto ano de engenharia de infraestrutura aeronáutica, Fernanda Muzzio Almirão, de 24 anos, vai se formar este ano, mas já exibe um currículo invejável. Além de fazer parte do minoritário grupo de mulheres do ITA, cerca de 24% do total de alunos, Fernanda fez um estágio de dois anos no laboratório de automação do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), nos EUA, um dos melhores do mundo. "Trabalhei no projeto de um veículo aéreo não tripulado para a Boeing", conta. Depois dessa enriquecedora experiência, Fernanda conseguiu o uma bolsa de iniciação científica para fazer um estágio de seis meses na Universidade Joseph Fourier, em Grenoble, na França. "Agora estou buscando colocação na área de logística", conta a jovem estudante. Um dos fundadores da Embraer e líder da equipe de iteanos (como são chamados os alunos do ITA) que desenvolveu o primeiro avião comercial brasileiro, o engenheiro Ozires Silva, afirma que, embora tenha se formado na década de 60, a estrutura curricular com fundamentos sólidos continua fazendo a diferença nos dias de hoje. No ITA, segundo Silva, o aluno segue a risca os fundamentos da "disciplina consciente", onde goza da inteira confiança da escola para fazer suas provas sem a necessidade de nenhuma fiscalização. "Era incrível, ninguém colava. A gente tinha plena consciência de que a mentira daria mais trabalho", conta o engenheiro eletrônico Jean Paul Jacob, da turma de 1959. Pesquisador emérito do Centro IBM de Pesquisas de Almaden, Califórnia, Jacob disse que tem uma eterna dívida de gratidão com o ITA, porque ali pode se tornar uma pessoa melhor. Futurólogo profissional e conferencista internacional da IBM, com mais de 600 palestras no currículo, Jacob é também conhecido por obter, em um prazo recorde de dois anos e meio, um duplo doutorado em matemática e engenharia, pela Universidade da Califórnia, em Berkeley. Ninguém até hoje alcançou esta marca, mas ele acredita que só outro aluno do ITA seria capaz de superá-la. (VS) Valor Econômico
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quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Ex-alunos ilustres inspiram candidatos
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