Por Nicholas Vital
IstoÉ Dinheiro
31/03/2010
Norma Helga Teixeira passa a maior parte do tempo no ar. Voa no Rio Grande do Sul, cruza os céus do Paraná e ainda espia Santa Catarina lá do alto. Nas últimas semanas, ela começou a visitar São Paulo com mais frequência e, em breve, deve aterrissar na capital paulista. Pudera: ela acaba de ganhar um espaço cativo no aeroporto de Congonhas, o mais movimentado do País. Mas, afinal, quem é essa tal Norma Helga Teixeira?
"São Paulo é o maior mercado de aviação do Brasil. Este é um marco para a NHT" Pedro Teixeira, presidente da NHT
Conhecida como NHT, é a empresa aérea que recentemente recebeu da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) o direito de explorar 28 slots (horários de pousos e decolagens) em Congonhas, sendo dez deles em dias de semana. Mais do que o nome de uma empresa, Norma Helga Teixeira é, na verdade, a mãe do presidente e um dos donos da companhia. “Minha mãe era uma pessoa fantástica. Além de cuidar da educação dos filhos, ainda era responsável por toda a parte financeira do grupo”, diz Pedro Teixeira, presidente da NHT e um dos dez filhos de dona Norma.
O grupo ao qual ele se refere é o gaúcho JMT, iniciais de seu pai, José Moacyr Teixeira – uma prática na família –, considerado um dos grandes do setor de transporte no Rio Grande do Sul, com mais de 250 ônibus rodoviários, uma empresa de entregas expressas e faturamento de R$ 300 milhões ao ano. “Como ela faleceu em 2006, pouco antes da criação da empresa aérea, decidi fazer uma homenagem”, conta Teixeira. E é adotando técnicas de gestão aprendidas com a mãe que ele pretende voar alto.
Frota discreta: a empresa conta com aviões fabricados pela tcheca Aircraft Industries.
Cada modelo tem espaço para apenas 19 passageiros
Dono de uma fala mansa e muito bem articulado, o gaúcho Pedro Teixeira enxergou na carência do setor de aviação na região Sul do Brasil a oportunidade para lucrar. O empresário já havia feito estudos de viabilidade no começo dos anos 2000, mas, na época, desistiu. Porém, depois da crise da Varig e do fim das operações da Rio-Sul, percebeu que chegara o momento. Em 2006, comprou seis aviões de pequeno porte e fundou a NHT Linhas Aéreas.
Em apenas três anos de operação, a empresa já mantém voos regulares entre 16 cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná e faturou R$ 20 milhões em 2009. Com os novos slots em São Paulo, a companhia já planeja novos investimentos. “São Paulo é o maior mercado de aviação do País. Este é um marco para a NHT”, diz o empresário.
Atualmente, a empresa conta com aeronaves do modelo LET 410, fabricadas pela empresa tcheca Aircraft Industries, com capacidade para transportar até 19 passageiros. É pouco para os ambiciosos voos pretendidos pela empresa. “Estamos estudando a compra de novas aeronaves na faixa de 50 a 70 assentos”, revela Jeffrey Kerr, diretor de planejamento da NHT.
Mesmo trabalhando com um número limitado de passageiros, a marca terá mais visibilidade e pode ganhar mais fôlego para crescer. “Operar em um dos aeroportos mais importantes do Brasil tende a ser muito bom para qualquer companhia”, afirma Amaryllis Romano, economista da Tendências Consultoria. Mas entrar em um mercado maior significa enfrentar grandes concorrentes.
No caso da NHT, a briga será contra as gigantes TAM e Gol, que juntas detêm mais de 90% do mercado doméstico. Para brigar com elas, a NHT terá que oferecer preços competitivos a seus clientes, o que deve reduzir as margens da nova operação. Teixeira, o filho de dona Norma, não se preocupa muito com isso. Ele aprendeu com sua mãe, educada nos rigorosos padrões alemães e que também foi professora, todos os macetes dos números.
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