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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Sonho de voar: amantes da aviação curtem o céu de Santa Catarina em aeronaves experimentais

Para evitar acidentes, pilotos devem ter conhecimento técnico e uma licença especial.


Luís Adauto Costa é diretor-técnico do Aeroclube de Santa Catarina e apaixonado por aviação - Alvarélio Kurossu

Luís Adauto Costa é diretor-técnico do Aeroclube de Santa Catarina e apaixonado por aviação
Foto:Alvarélio Kurossu

Que tal comprar ou providenciar a fabricação de um pequeno avião ou ultraleve, as chamadas aeronaves experimentais, para se divertir em voos em áreas livres perto de casa ou num aeroclube?

Esse sonho de crianças e adultos não precisa obedecer regras tão rígidas da aviação comercial como acontece com os aviões homologados. Mas a brincadeira exige conhecimento técnico, obrigações e cuidados para evitar incidentes que podem terminar em tragédias como a ocorrida em agosto, em Imbituba, quando um ultraleve caiu e o piloto morreu.

De acordo com o diretor-técnico do Aeroclube de Santa Catarina, Luís Adauto Costa, 56 anos, piloto há 38 anos, o avião experimental se caracteriza pela flexibilidade na montagem ou fabricação. O modelo pode ser feito ao gosto do cliente que faz a encomenda.

— Essas aeronaves são diferentes dos aviões convencionais homologados na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que seguem rigorosos procedimentos de avaliação e manutenção desde a projeção até o restante da sua vida útil. Por ser experimental tudo fica por conta e risco do usuário — explica Costa.

O dono do avião não precisa de brevê, a "habilitação" para pilotar aeronaves homologadas na Anac, mas deve solicitar uma licença especial em uma escola de aviação civil.

Para que o avião tenha uma condição legal, com informações oficiais como procedência, nome do proprietário e data de fabricação, é preciso um registro formal na Anac. O órgão regulador da aviação no Brasil, porém, não concede qualquer certificação a aeronave, e eventuais acidentes ou danos a terceiros ficam por conta e risco do piloto e proprietário.

Nos últimos meses dois acidentes graves aconteceram com aeronaves desse tipo em Santa Catarina. O mais agrave aconteceu em agosto, na cidade de Imbituba e causou a morte do vice-presidente do Aeroclube de Santa Catarina, Edison Corrêa, de 67 anos.

Ele fazia testes em um avião construído havia cerca de um mês quando caiu na varanda de uma casa. Em 19 de setembro um outro ultraleve caiu sobre uma casa em Blumenau, mas o impacto não foi violento e o piloto Jener Clóvis Pinto não sofreu ferimentos.



Modelos a partir de R$ 40 mil


O que difere um avião experimental de um avião homologado pela Anac? Os homologados, segundo o vice-presidente da Associação Brasileira de Aviação Experimental com sede em Goiânia (GO), Marco Antônio Sperb, são submetidos a rigorosos e sucessivos testes, que tornam o custo final da aeronave caríssimo.

— O modelo experimental não precisa desses procedimentos e por isso se torna mais barato. É, portanto, o modelo de aviação que mais cresce no mundo - explica Sperb, professor de física da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Um avião experimental pode custar a partir de R$ 40 mil (modelo básico, usado) até mais de R$ 1 milhão. Segundo Sperb, esse tipo de aviação é segura e eventuais acidentes ocorrem por conta de falhas, que atingem qualquer meio de transporte.

— Existe uma máxima que diz o seguinte: decolar é opcional, mas aterrisar é obrigação. Então, se tiver em dúvida, não decole. Além do mais, a fabricação é avalisada por engenheiros e mecânicos qualificados. Isso significa confiança e segurança.

Aviões experimentais
As aeronaves são modelos que, entre outras características, pesam até 750 quilos e não precisam de certificação de testes na Anac

Frota no Brasil
— São mais de quatro mil aeronaves, divididas entre ultraleves, balões, girocópteros, planadores, helicópteros, motoplanadores, dirigíveis e aviões-experimentais.

— Construção: deve ser feita por um mecânico credenciado.

— Após a fabricação e registro: fazer um relatório anual de inspenção junto a Anac.
O que é preciso pra ser piloto
— O primeiro passo é participar da da Associação Brasileira de Ultraleves (Abul) ao custo anual de R$ 244,80.

— Para aprender a voar o interessado deve procurar uma escola autorizada a funcionar pela ANAC. Antes, porém, é preciso fazer uma inspeção de saúde com um médico cadastrado na Abul. Em Santa Catarina a escolas credenciadas estão localizadas em Lages, Blumenau, Mafra, Navegantes e São Miguel D'Oeste.

— Quantidade mínima de horas exigidas de treinamento para ter o Certificado de Piloto Desportivo (pequenos voos isolados) é de 15 horas e para Piloto de Recreio (voos de longa distância) é de 30 horas.
E se o avião não tiver registro e o piloto, licença?
— O dono do avião estará em situação totalmente irregular e poderá responder judicialmente por colocar em risco a vida de outras pessoas.
Fontes: Associação Brasileira de Ultraleves (Abul) e Associação Brasileira de Aviação Experimental

diário catarinense

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