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terça-feira, 16 de junho de 2009

Os aviões entre Europa e América do Sul voam até três horas fora do radar

O piloto espanhol Luis Lacasa voava na metade do Atlântico quando começou a pensar que 24 horas antes, certamente perto de onde se encontrava, o comandante do avião da Air France desaparecido lutou bravamente para manter o voo. "Fui invadido por uma sensação terrível de solidão assim que cruzei a frente intertropical", conta o piloto. Estava deixando para trás uma área complicada, onde muitas vezes surgem chuvas fortes e granizo. O Airbus desapareceu em meio a uma dessas tempestades violentas, justamente em uma área de sombra do oceano, onde o radar não marca sua posição.

Dois fatores que aumentam o mistério do voo AF-447. A frente intertropical, pela qual devem passar todos os aviões que se dirigem para a América do Sul, cria uma barreira de cúmulos-nimbos, que são nuvens verticais que costumam produzir tormentas elétricas e chuvas intensas e em alguns casos podem superar 16 km de altura, ultrapassando o teto operacional dos aviões. "É preciso atravessar essa frente. Normalmente não é uma barreira compacta, costuma haver céus limpos por onde o avião pode passar", diz Lacasa, piloto da Iberia.
Lacasa, que também é o novo presidente do Colégio Oficial de Pilotos de Aviação, afirma que no momento em que ele passou havia tempestades isoladas, "muito fáceis de evitar". Outro piloto, também com grande experiência nos voos para a América do Sul, afirma que é uma rota "na qual é preciso prestar especial atenção na meteorologia", mas na qual em princípio não deve haver problema. "No plano de voo você vê a meteorologia que há na rota e nos caminhos alternativos. Se você vê a frente muito ativa, carrega mais combustível e se prepara.

Os pilotos temem muito mais as tormentas quando se encontram com elas na aproximação da terra. Setenta por cento dos acidentes aéreos costumam ocorrer ao aterrissar ou decolar, como o do avião da Spanair ocorrido em Madri em 2008. "É estranho que um voo caia em águas internacionais e fora do radar", diz Arturo Benito, professor da Escola Técnica Superior de Engenheiros Aeronáuticos. Os radares têm um alcance limitado e os aviões que atravessam o Atlântico Sul passam até três horas "na sombra" - desde Fernando de Noronha até a ilha do Sal. O avião da Air France se encontrava nesse trecho quando ocorreu a tragédia.
Em geral, embora alguns acreditem que em pleno século 21 já se deveria ter uma cobertura total no oceano, muitos opinam que não representa maior problema, pois as comunicações por rádio são contínuas e aplicam o que se chama de navegação estimada. A intervalos determinados, o piloto notifica o ponto em que está, a hora e a altitude, e as duas posições seguintes. O avião da Air France deveria ter aparecido nas telas dos controladores do aeroporto de Gando, na Grande Canária, depois de sair da zona de sombra. Não o fez.

Os investigadores franceses explicaram ontem que as condições meteorológicas não eram "particularmente excepcionais". Nesse mesmo dia, o piloto de um avião da Air Comet que voava de Lima para Madri viu à direita da cabine algo parecido com "um clarão de luz que descia vertiginosamente".
Em terra, ao saber da notícia do desaparecimento do avião, pensou que poderia tratar-se do AF-447. Em um relatório que enviou a sua companhia destaca que o "clarão" demorou cinco ou seis segundos para cair. Anotou também que nessa direção se observavam tempestades elétricas, enquanto eles voavam em céu limpo. O subdiretor-geral da Air Comet, Fernando Gil, explica que toda essa informação foi posta à disposição dos investigadores.

Um tripulante do voo IB-6024, que aterrissou na segunda-feira no aeroporto de Madri procedente do Rio de Janeiro, estava saindo do estacionamento com seu carro quando ligou o rádio. O boletim informativo contava que um avião da Air France tinha desaparecido na metade do oceano. Ele apagou rapidamente o rádio e lembrou que, dez horas antes, havia encontrado a tripulação desse voo no hangar, prestes a embarcar. Trocaram-se cumprimentos. "Nosso avião (que voava teoricamente a poucos minutos da cauda do acidentado, na mesma altura e no mesmo corredor aéreo) não teve nenhum problema meteorológico. Havia tempestades, sim, mas como todo dia", conta. Não há explicação do que pode ter ocorrido no voo que saiu sete minutos antes.

Fonte: Diário do Turismo

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