As autoridades europeias de segurança aérea determinaram verificações em certos sensores de velocidade dos aviões Airbus fornecidos pela fábrica norte-americana Goodrich, semanas depois de apertar a vigilância sobre equipamentos similares da fábrica francesa Thales.
Investigadores suspeitam que falhas nas leituras de velocidade de sensores da Thales podem ter sido decisivas para o acidente de 1o. de junho com um avião A330-200 da Air France que fazia a rota Rio-Paris, matando os 228 ocupantes.
Em um documento datado de terça-feira, a Agência Europeia de Segurança da Aviação disse que houve relatos de peças com folga nos sensores da Goodrich, uma peça conhecida como "sonda de pitot."
De acordo com a agência, que tem sede em Colônia, isso poderia ser resultado de "uma falha de torque (...) ocorrida na fabricação do equipamento."
Se não for corrigido, esse problema pode levar a um vazamento de ar e a leituras falsas de velocidade, disse a agência em nota ao setor aéreo.
A Goodrich rejeitou as suspeitas, dizendo "não ter experimentado quaisquer problemas de manufatura, serviço ou reparo com sondas," segundo e-mail assinado por sua vice-presidente de comunicação, Lisa Bottle. Ela acrescentou que a orientação da agência europeia foi uma precaução em resposta a um alerta de uma única companhia aérea.
"A Goodrich checou seus registros de fabricação para essas sondas e concluiu que elas estavam de acordo com as exigências de desenho, fabricação e teste de aceitação funcional," afirmou a executiva.
As ações da Goodrich, que também produz rodas e freios para aviões, além de sistemas de reconhecimento militar de alta tecnologia, caíram 1,4 por cento na quinta-feira.
Um porta-voz da Airbus disse que as verificações afetavam um "lote limitado" de sensores, identificados por meio de seus números de série. Uma porta-voz da Easa, agência de segurança aérea da União Europeia, disse que os problemas seriam "relativamente fáceis" de resolver, sem afetar o serviço das aeronaves. O número de empresas e aviões envolvidos nessa investigação não foi divulgado.
Investigadores disseram que três sensores da Thales apresentaram leituras de velocidade errôneas no acidente da Air France sobre o Atlântico, mas afirmam que é cedo para apontar as causas exatas da queda do avião.
As sondas de pitot leem a velocidade do avião com base na pressão exercida pelo fluxo de ar que recebem, mas são suscetíveis a congelamentos e outros fatores que interrompam esse fluxo.
Sem dados precisos, os pilotos podem acidentalmente colocar o avião em velocidades excessivas, sobrecarregando sua estrutura, ou muito baixas, o que faz com que perca estabilidade e caia.
O Globo
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