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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Moradores se dividem sobre a criação de ponte aérea no Aeroporto de Jacarepaguá

RIO - Causou polêmica a determinação da Agência Nacional de Aviação (Anac) de implementar uma nova ligação aérea entre Rio e São Paulo pelo Aeroporto de Jacarepaguá. O prefeito Eduardo Paes disse que não havia sido informado sobre a decisão e que irá contestá-la na Justiça. Segundo um ofício enviado pela Anac à Infraero no ínicio deste mês, os terminais de Jacarepaguá e de Campo de Marte, em São Paulo, teriam 30 dias para estar em condições de funcionamento.

(Você é favorável à criação da nova ponte aérea em Jacarepaguá?)

O presidente em exercício da Câmara Comunitária da Barra, o oceanógrafo David Zee, convocou uma reunião com moradores, comerciantes e síndicos de condomínios da Barra para discutir o assunto. Eles pretendem redigir um documento para ser enviado à Anac, pedindo que a decisão seja revista. Acreditam que, já que os voos do Santos Dumont sofreram restrições por questões ambientais, é uma contradição querer ampliar o Aeroporto de Jacarepaguá.


A Câmara Comunitária é totalmente contra e nós já comunicamos isso à Anac e à Infraero. Existem o risco ambiental e o de acidentes. É uma incongruência que, num momento em que todos os aeroportos localizados em áreas residenciais do mundo estão reduzindo seus voos ou fazendo restrições, as autoridades queiram ampliar a operação de um aeroporto que estava desativado. Ele está numa área que cresceu muito nos últimos dez anos e é considerada o coração da Barra. É como aproximar um fósforo de um explosivo - comparou.

Zee recorda que, em março de 2008, um avião caiu sobre o pátio de uma concessionária de automóveis em construção na Avenida das Américas, por pouco não atingindo um condomínio:

- Era domingo, e o avião quase caiu numa piscina repleta de pessoas que participavam de uma festa. Por 30 metros não houve uma tragédia.

A deputada federal Solange Amaral disse já ter solicitado uma reunião com a presidente da Anac, Solange Paiva Vieira, para discutir a questão:

- Começam dizendo que vão ser poucos voos e ninguém sabe como acaba a história. Não podemos deixar a região virar Congonhas (Aeroporto de Congonhas, em São Paulo).

Na avaliação do presidente da Associação de Moradores da Freguesia, Jorge da Costa Pinto Figueiredo, o aumento do número de voos no aeroporto só vai trazer riscos e nenhum benefício. Ele criticou o fato de a população de Jacarepaguá e da Barra não ter sido consultada.

- A quem esses voos vão beneficiar? A alguns poucos moradores que usam com frequência avião. Em vez de ficar pensando em aumentar aeroporto, a população quer é a construção das linha 4 e 6 do metrô. Temos outras prioridades - afirmou.

Apesar dos protestos da maioria, o diretor da Associação de Moradores do Tijucamar e Jardim Oceânico, Abdon Elias Alli, vê inúmeras vantagens na criação de voos regulares Rio-São Paulo a partir de Jacarepaguá.


Para os moradores de Barra, Recreio e Jacarepaguá, será uma economia de tempo e de dinheiro. Hoje, com os engarrafamentos, uma viagem para São Paulo, que levaria 40 minutos de avião, dura 1h30m, 2h, pelo tempo que se perde no tráfego - defendeu.

O piloto Moisés Mena, que faz voos fretados no aeroporto de Jacarepaguá, onde também trabalha como instrutor, também é favorável:

- Essa rota já é feita por aviões fretados, jatinhos. Nada impede que seja feita regularmente por aviões de pequeno porte - afirmou.

A empresa que pretende operar a nova rota é Team Linhas Aéreas, que já realiza voos do Santos Dumont para Macaé, Campos e Vitória. A intensão da empresa é usar aeronaves tchecas, as LET 410, com capacidade para 19 passageiros, a partir do fim de outubro, em quatro voos diários de ida e volta

O Globo


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