Para Rossoni, não há irregularidade na nomeação. ”Eu não alugo meu avião. Daí sim seria pagar por serviços particulares um servidor público. Só eu uso o avião”, disse ele, acrescentando que Marcelo também trabalha como seu motorista. ”Ele é meu assessor em tudo que eu preciso. E eu o contratei com a autorização da Casa”, argumentou.
Procurado na sexta-feira, o diretor-geral da AL, Eron Abboud, preferiu não falar sobre o assunto e disse que o deputado Durval Amaral (DEM), coordenador da reforma política da Casa, é quem deveria se manifestar. A Reportagem não conseguiu falar com Amaral.
O próprio salário do piloto, segundo Rossoni, seria ”complementado” pela empresa do tucano. ”Ele fica à minha disposição, sem horário”, afirmou.
Cada um dos 54 deputados estaduais pode nomear até 23 pessoas em cargos comissionados, mas o papel do assessor parlamentar também tem limites. A última lei aprovada pela AL para disciplinar as regras para a nomeação de comissionados foi sancionada no início da semana pelo Executivo e, basicamente, menciona apenas dois tipos de assessor parlamentar: aquele que trabalha no gabinete do parlamentar, na sede física, na AL portanto; e aquele que é conhecido como ”agente político”, que atua nas bases parlamentares e não precisa cumprir expediente em gabinete.
Mas, mesmo no caso do ”agente político”, a AL adotou algumas regras, na esteira de denúncias sobre servidores ”fantasmas”: o comissionado que não atua no gabinete deve exercer atividades de representação do parlamento junto à sociedade e deve apresentar, na internet, relatórios mensais sobre suas atividades.
Para Fabiano Angélico, coordenador de projetos da ONG Transparência Brasil, a nomeação de um assessor parlamentar para conduzir uma aeronave particular ”é uma despesa indevida ao erário”. ”Ele é pago por nós, mas não trabalha para nós. É um benefício para o parlamentar, que tem que ser pago do bolso dele. Acho que o Ministério Público tem que questionar se não há improbidade administrativa”, afirmou.
Para Angélico, a própria quantidade de cargos comissionados à disposição de parlamentares ”já é um absurdo”: ”É lógico que eles precisam de assessores, mas não tantos. Na França, os senadores têm cinco assessores parlamentares”. Angélico também é contra a figura do ”agente político”, denominada por ele de ”cabo eleitoral disfarçado”.
esmaelmorais
Nenhum comentário:
Postar um comentário