Fernando Conte renunciou como presidente do conselho de administração e CEO da Iberia, nesta quinta-feira (9), antecipando em pelo menos seis meses a aposentadoria prevista na empresa aérea espanhola. A decisão inesperada chega em meio às complexas negociações de fusão com a British Airways, iniciadas há cerca de um ano.
Sabia-se que Conte tinha divergências sobre o andamento das negociações com diretores do conselho representantes do banco de poupança espanhol Caja Madrid, maior acionista da Iberia. Ontem, citou "motivos pessoais" para a renúncia, decisão que havia sido levantada pela primeira vez há vários meses. Conte, que fará 60 anos em 2010, deveria continuar nos cargos até o primeiro trimestre de 2010, após sete anos no comando.
A busca pelo sucessor rapidamente chegou ao nome de Antonio Vázquez, 57, ex-CEO do grupo de tabaco franco-espanhol Altadis e diretor do conselho da Iberia entre 2005 e 2007. Nesse período representou a empresa de logística Logista, pertencente a um grupo central de acionistas da Iberia que acabou desfazendo-se quando investidores rivais rondaram a empresa aérea em 2007. A Caja Madrid saiu dessa disputa como a maior acionista, com fatia de 23%.
Rafael Sánchez-Lozano, representante da Caja Madrid no conselho da Iberia, foi nomeado ontem diretor-gerente e diretor de operações. A British Airways, durante as negociações, elevou sua fatia de 9% para 13,5%. A Iberia comprou 10% da empresa britânica.
"Recebemos bem a indicação de Antonio Vázques como presidente do conselho de administração", disse o CEO da British Airways (BA), Willie Walsh, ontem. "Ansiamos trabalhar com ele sobre todos os assuntos incluindo a continuidade das negociações de fusão."
Vázquez, que em 2007 ajudou a negociar a venda da Altadis por € 16,2 bilhões à Imperial Tobacco, do Reino Unido, quer assumir o novo cargo assim que possível, segundo funcionários da Iberia.
O executivo disse ontem que entrará no cargo com "grande entusiasmo". Assim como a maioria das aéreas, a Iberia vem sendo abalada pela crise mundial e o grupo prevê para 2009 seu primeiro prejuízo anual em mais de dez anos.
As negociações com a British Airways, atrapalhadas pela avaliação dos ativos das companhias e pelo déficit previdenciário do grupo britânico, perderam ainda mais força com a crise econômica.
Conte disse nesta quinta-feira que sua decisão de sair foi "pensada cuidadosamente". Esteve relutante, no entanto, até que se escolhesse "seu sucessor e se assegurasse a continuidade da administração." (Tradução de Sabino Ahumada)
Diário do Turismo
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