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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Falta de pilotos e comissários qualificados trava setor aéreo



A falta de pilotos e comissários qualificados é apontada por profissionais que atuam na formação de aeronautas como uma das principais causas dos problemas enfrentados atualmente pelas companhias aéreas. Isso tem provocado, inclusive, uma disputa no setor por mão de obra capacitada. Só a Webjet, nos últimos dois meses, perdeu quase 30 copilotos para a TAMe a Gol. O salário mais alto nas outras companhias seria o grande atrativo.

“Como os preços praticados no mercado são muito baixos, se a outra companhia oferece R$ 100 a mais, o profissional muda de empresa”, conta a diretora do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) Graziela Biaggio. Segundo ela, a Webjet, por exemplo, pratica um dos menores salários do mercado. Graziela diz que a média salarial de um comissário de bordo, hoje, é de R$ 1,5 mil. O vencimento de um copiloto varia entre R$ 3 mil e R$ 5 mil, enquanto que o de um comandante não passa de R$ 10 mil. “Isso desmotiva o profissional”.

De acordo com dados do SNA, existemcerca de 88 mil pilotos formados no país. Desses, apenas 10 mil ocupam postos de trabalho em grandes empresas. Para o diretor da escola de aviação CFA em Salvador, Felipe Rachid, o que faz com que muitos desses profissionais não encontremuma oportunidade é o despreparo.

“Os cursos são pré-requisitos básicos para quemquer entrar nessa área, mas ele tem que buscar se qualificar de outras formas”. Graziela Biaggio acredita que o preço dos cursos é um dos grandes dificultadores para a formação desses profissionais. “Nós do sindicato brigamos, inclusive, pela criação de uma escola pública para aeronautas”, diz.

Atualmente, um curso básico para piloto de avião privado não sai por menos de R$ 15 mil. Para ser um piloto de aviação comercial, o candidato terá que desembolsar, inicialmente, cerca de R$ 35 mil. No caso dos comissários, o preço da capacitação varia de R$ 1.850 a R$ 2.100 por 189 horas de aula.

“É uma formação básica para participar de processos seletivos”, pontua Rachid. Segundo ele, depois disso, caso o profissional seja contratado por alguma empresa, ele recebe treinamento específico da companhia sobre os equipamentos de voo.

CANCELAMENTOS
A falta de profissionais seria, inclusive, uma das causas dos atrasos e cancelamentos de voos da Webjet. No começo da semana, muitos de seus tripulantes já tinham trabalhado o máximo de horas previsto pela legislação para o trimestre.Emnota, a Webjet reforçou que os cancelamentos foram feitos ao longo do mês de setembro e todos os passageiros já foram reacomodados em outros voos.

A empresa disse, ainda, que já contratou 64 novos copilotos e 85 comissários. Eles estão em treinamento e começam a voar em outubro. Ontem, o Ministério Público Federal do Distrito Federal abriu inquérito para investigar os responsáveis e as causas dos atrasos e cancelamentos de voos da Webjet. Até as 19 horas de ontem, 52,9%dos voos da empresa tinham sido cancelados.
CORREIO24H

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