Juízo francês considerou que houve homicídio culposo no acidente de 2009 e abre caminho para indenizações.
Rio - A Justiça francesa reconheceu como crime — homicídio culposo, ou seja, sem intenção — o acidente com o avião da Air France que caiu no Oceano Atlântico durante voo entre Rio e Paris, em 1º de junho de 2009, com 228 pessoas a bordo. A decisão diz respeito a processo movido pela família da aeromoça franco-argentina Clara Mar Amado, que estava na aeronave, mas abre caminho para outros parentes de vítimas receberem indenizações semelhantes.
A Justiça determinou que o Fundo de Garantia das Vítimas de Terrorismo e outras Infrações, mantido pelo governo francês, deve pagar 20 mil euros (R$ 46 mil) à família da aeromoça, divididos entre o irmão e o pai da vítima.
Para o juízo, falhas nos sensores de velocidade (pitot) do fabricante francês Thales AA em voos anteriores ao AF-447 são suficientes para configurar um crime. Erros de aferimento da velocidade em aviões Airbus equipados com as sondas já haviam sido verificados mais de uma dezena de vezes antes do acidente, entre eles pela companhia aérea Air Caraïbes.
Até agora, a Justiça francesa nunca havia considerado que pudesse existir uma falha como sinônimo de erro penal e, portanto, crime. Em 2009, familiares das vítimas fizeram uma representação civil e apresentaram ação na Justiça francesa para que o acidente fosse investigado. O processo tramita paralelamente à investigação técnica do Birô de Investigações e Análises francês, encarregado das investigações dos acidentes aéreos.
O órgão considera que defeito nos sensores de velocidade da marca Thales foi um dos fatores do acidente, mas acredita que a conclusão depende ainda das caixas-pretas do avião, que não foram localizadas até hoje.
Causas ainda não foram esclarecidas
O Airbus A330 caiu a cerca de 1.500 km de Recife. Às 23h14 do dia 31 de maio, a aeronave emitiu uma mensagem automática de despressurização e pane elétrica. As causas do acidente, porém, não foram totalmente esclarecidas até hoje.
Ao todo, foram resgatados 50 corpos do oceano, 20 de brasileiros — sendo 12 homens e oito mulheres — e os outros 30 de estrangeiros, sendo 13 homens e 17 mulheres.
odia
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