Trinta dias após o acidente com o voo 447 da Air France no Oceano Atlântico, as buscas pelas caixas-pretas do avião “vão continuar enquanto isso representar um esforço razoável”, disse à BBC Brasil uma porta-voz do BEA, o órgão francês que investiga as causas da catástrofe.
De acordo com a porta-voz, as autoridades francesas ainda não estabeleceram um prazo para encerrar as buscas das caixas registradoras de dados do Airbus A330 – embora os esforços para achar mais corpos e destroços tenham sido encerrados na última sexta-feira por parte da Marinha brasileira.
As balizas acopladas às duas caixas-pretas do avião foram concebidas para emitir sinais sonoros por pelo menos 30 dias – por isso o diretor do BEA, Paul-Louis Arslanian, havia dito em uma entrevista coletiva no dia 17 de junho que preferia trabalhar com esse prazo. Mas os sinais sonoros podem prosseguir por mais alguns, ele ressaltou.
Fazem parte das operações o submarino Émeraude, que possui um potente sonar, e também por dois rebocadores fretados pela França equipados com microfones cedidos pela Marinha americana que detectam sons na água, além dos navios Mistral e Pourquoi Pas, que leva a bordo o minissubmarino Nautile.
Raro
A porta-voz da BEA disse que não encontrar as caixas-pretas do avião da Air France será algo extremamente raro nas investigações do órgão.
“É raríssimo não encontrar as caixas-pretas do avião. Elas são uma fonte de informação muito importante para as investigações”, diz ela, não detalhando, no entanto, como o BEA fará para avançar na identificação das causas do acidente no Brasil se elas não forem encontradas.
Segundo ela, pelo menos nos últimos dez anos “as caixas-pretas sempre foram encontradas em todos os acidentes ocorridos na França ou no exterior que tiveram a participação do BEA”.
A baliza acoplada à caixa-preta, do tamanho de uma pilha grande, emite um sinal sonoro a uma frequência precisa de 37,5 KHz por segundo. Os sinais podem ser ouvidos em um raio de dois quilômetros.
Os aviões possuem duas caixas-pretas. Uma delas, o gravador de voz, grava os últimos 30 minutos das conversas dos pilotos e também o som dos motores e comandos em uso.
A segunda caixa-preta pode gravar até mil parâmetros do vôo, como informações sobre a velocidade, a altitude, o funcionamento do piloto automático e dos motores, entre outros.
“Essa caixa-preta permite, por exemplo, saber se o motor estava funcionando ou não e isso permite aprofundar as investigações”, diz a porta-voz do BEA.
Desde o início das buscas pelas caixas-pretas do Airbus, a Marinha francesa informou já ter detectado várias vezes sinais sonoros, mas após uma análise mais aprofundada, essas pistas foram descartadas por não registrarem os parâmetros técnicos dos sinais emitidos.
Sinais sonoros
O BEA também não descarta a possibilidade das balizas não estarem mais afixadas às caixas-pretas devido ao impacto da queda da aeronave.
As caixas-pretas foram concebidas para resistir à imersão por cerca de 30 dias a seis mil metros de profundidade.
As buscas são consideradas difíceis em razão da grande profundidade na área de buscas, de até 4,6 mil metros, e devido ao relevo montanhoso do fundo do mar na região.
Na última sexta-feira, as operações para encontrar corpos e destroços do avião da Air France foram encerradas em razão do fato de que nenhum novo cadáver havia sido encontrado nos nove dias anteriores.
Após 26 dias de operações sob a responsabilidade do Brasil, foram encontrados 51 corpos e mais de 600 destroços do Airbus A330.
BBC
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