GENEBRA - A Embraer prepara-se para mais um ano difícil na aviação comercial, em meio a desaceleração persistente dos negócios e aumento da concorrência.
" O mercado não está fácil para 2010 " , afirmou ontem o vice-presidente da aviação comercial da empresa, Mauro Kern, durante a assembleia anual da Associação das Empresas Aéreas Europeias (European Regions Airline Association - ERA), que reune companhias, aeroportos e fornecedores em Interlaken (Suíça).Os participantes do evento previram novas reduções de capacidade e mais dificuldades. O mercado continua contraído, com as empresas aéreas procurando conter os custos e lidar com queda nos preços das passagens. " Os aviões estão relativamente cheios com a redução de capacidade, a tarifa média está baixa porque a proporção de passageiro de turismo aumentou, mas os passageiros de classe executiva, que pagam mais, diminuíram muito " , disse Kern.
Até o fim de 2010 haverá " muita dificuldade " e a expectativa é de alguma recuperação só em 2011. " A Embraer não tem recebido cancelamentos, mas alguns adiamentos, pequenos. O efeito maior sobre carteira de pedidos é o não exercício de opções " , acrescentou o executivo.Alguns mercados reagem melhor, com o transporte aéreo crescendo no Brasil, no Oriente Médio e na China, mas os grandes, que são os EUA e a Europa, continuam em estado de crise. Na Europa, outros fatores são importantes, como a concorrência do trem de alta velocidade competindo com o transporte aéreo, mas conectando basicamente grandes centros.
A Embraer insiste que os jatos regionais são parte da solução para as empresas. Só que a redução da demanda de passageiros continua comprimindo a receita das companhias. " No curtíssimo prazo, não vemos mudanças nesse cenário " , segundo Kern.
Além disso, a competição está aumentando para a Embraer, com produtores de jatos regionais da Rússia, Japão e China entrando no mercado justamente no nicho dos novos aparelhos da companhia brasileira, com aviões de 70 a 120 assentos.A Mitsubishi Aircraft anunciou ter recebido uma encomenda de até 100 aviões regionais da Trans States Holdings (TSH), segunda maior empresa aérea independente regional dos EUA, tornando-se a segunda cliente da Mitsubishi Aircraft depois da All Nippon Airways (ANA). É igualmente a primeira cliente da fabricante japonesa no exterior.
Com a competição se intensificando pela frente, a Embraer diz que quer manter um diferencial competitivo. " Muito importante é dar um suporte excelente à operação desses (novos) aviões, em termos de técnica, treinamento e peças de reposição. Enfim, poder expandir e consolidar a estrutura de suporte e assim assegurar o sucesso desses aparelhos " , afirmou.Os E-jets continuarão a receber aprimoramentos, que trazem valor para as companhias. Os E-170 começaram a operar no Aeroporto de Lond City, o que exige melhor desempenho por causa da pista restrita.Para o executivo, os E-jets têm aceitação ampla pelos mercados. Já são 600 aparelhos entregues, para um aviao certificado há apenas cinco anos.Além disso, 54 companhias aéreas já compraram esse avião, utilizado pelas empresas regionais, de baixo custo e tradicionais.Em paralelo, Kern diz que Embraer está desenvolvendo tecnologias novas em preparação para aviões do futuro. Em março, a companhia demitiu 20% de seus empregados. Com a situação difícil também em 2010, a questão é se as demissões aumentarão. Kern não quis fazer comentários, porque é preciso levar em conta também a situação das divisões de aviões executivos e de defesa. G1
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