O Escritório de Investigação e Análise (BEA, sigla em francês), colocou em dúvida a segurança dos sensores Pitot de medição de velocidade e afirmou que as causas da queda do Airbus A330 da Air France Rio-Paris em 1º de junho, com 228 pessoas a bordo, ainda são desconhecidas, segundo relatório divulgado nesta quinta-feira.
Mais de sete meses depois da tragédia, o BEA aconselhou "modificar os critérios de certificação" das sondas Pitot, que não funcionaram da maneira correta no acidente, e explicou que "não foi possível determinar as circunstâncias nem as causas da tragédia".
"A falta de dados procedentes dos gravadores de voo, do essencial dos elementos do avião e de todo o testemunho sobre o voo, as circunstâncias exatas do acidente e as causas continuam sem ser determinadas", indicou o relatório.
Mais de sete meses depois da tragédia, o BEA anunciou as primeiras recomendações em termos de segurança na apresentação do segundo relatório sobre a tragédia.
"Os testes destinados à validação das sondas (sensores) Pitot parecem não estar adaptados aos voos a altitude elevada", afirma o relatório.
"Em consequência, o BEA recomenda à AESA (Agência Europeia de Segurança Aérea) que estimule estudos para determinar com uma precisão suficiente a composição das massas nebulosas a elevada altitude".
O organismo francês recomenda em relação às demais autoridades na área da regulamentação modificar, a partir dos resultados obtidos os critérios de certificação das sondas.
"Os critérios de certificação não são representativos das condições encontradas na realidade a altitude elevada, por exemplo, em termos de temperaturas", afirma o documento.
"Além disso, ao que parece, alguns pontos, como o tamanho dos cristais de gelo no meio de massas nebulosas, por exemplo, são mal conhecidos e, portanto, é difícil avaliar as consequências que podem supor em alguns equipamentos, em particular nas sondas Pitot".
A recomendação é feita depois que a construtora aeronáutica europeia Airbus (em 31 de julho), a AESA (10 de agosto) e a Agência Americana de Segurança no Transporte (NTSB, 2 de setembro) ordenaram às companhias aéreas a substituição das sondas Pitot do grupo francês Thales dos Airbus A330 e A340 por sondas fabricadas pela americana Goodrich.
No voo Rio-Paris que decolou do Aeroporto Tom Jobim em 31 de maio, os sensores fabricado pela Thales apresentaram falhas. Rapidamente, as sondas foram questionadas pelos sindicatos de pilotos.
O relatório do BEA indica ainda que entre 12 de novembro de 2003 e 1º de junho de 2009 foram registrados 32 incidentes em consequência das medições de velocidade erradas fornecidas pelas sondas Pitot - Thales e em um caso Goodrich - em "condições de congelamento segundo a tripulação".
No primeiro relatório, o Escritório de Investigação e Análise indicou que medições de velocidade incoerentes fornecidas pelas sondas Pitot do Airbus podem ter desempenhado um papel na catástrofe, mas não foram a causa.
A busca das caixas pretas do avião, determinantes para afirmar com certeza as causas do acidente, será retomada em fevereiro com a ajuda de sonares e de robôs submarinos.
O diretor do BEA, Jean Paul Troadec, se reuniu no sábado passado no Rio de Janeiro com parentes das vítimas brasileiras.
O Airbus A330 da Air France, o voo AF447, caiu no Atlântico na madrugada de 1º de junho com 216 passageiros e 12 tripulantes a bordo, incluindo 72 franceses e 58 brasileiros.
Antes de divulgar publicamente o informe, o BEA - que apresentou em 2 de julho o primeiro relatório - apresentou o mesmo aos representantes de três associações de familiares de vítimas.
No início de dezembro, um A330 da Air France que voava entre Rio e Paris emitiu um alerta na área da queda do AF447, mas depois de evitar uma zona de fortes turbulências conseguiu chegar ao destino.
AFP
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