
A  Prefeitura de São Bernardo e a Saab, fabricante sueca do avião-caça  Gripen, formalizaram ontem o compromisso do investimento de US$ 50  milhões, em cinco anos, para a criação do Centro de Pesquisa e  Desenvolvimento de Alta Tecnologia.
A iniciativa independe da  escolha do governo federal para a renovação da frota de 36 aviões-caça  da FAB (Força Aérea Brasileira), porém, não deixa de ser um lobby para  vencer o processo de licitação.
De acordo com o presidente da  Saab, Hakan Buskhe, entretanto, o centro está alinhado com interesses do  prefeito nos últimos anos. "Queremos realizar uma sinergia entre  governo, academia (que envolve educação e pesquisa) e indústria, e não  somente vir aqui para vender coisas. Nosso objetivo é fazer um  intercâmbio de tecnologia e inovação entre os dois países."
O  prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, endossou, alegando que a relação  com os suecos existe há muitos anos, muito antes da história dos caças.  "Por isso a preferência por eles. Conversando com brigadeiros da FAB  também percebo a preferência deles pelo Gripen."
Marinho afirmou  já ter conversado tanto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como  com a presidente eleita Dilma Rousseff. "Acho que as chances aumentaram  depois das conversas. De qualquer forma, o governo vê com bons olhos  prefeitos que se movimentam para conquistar mais investimentos", disse,  referindo-se à possibilidade de o governo bater o martelo pelos suecos.  "A Saab andou mais rápido do que seus concorrentes, transferindo  tecnologia e conhecimento para o Brasil. Um aporte dessa magnitude vai  beneficiar não só São Bernardo, mas a região como um todo."
DISPUTA  - Na corrida pela vaga também está o Consórcio Rafale International -  joint venture formada pela Dassault Aviation, Snecma e Thales -, que  nesta semana, assim como a Saab, realizou visitas na FEI e na UFABC,  para a possibilidade do desenvolvimento de futuros projetos, caso a  francesa seja a eleita.
Para Marinho, a prospecção dos franceses  na região é vista com otimismo. "Se eles querem ser escolhidos, têm de  demonstrar para valer esse empenho na transferência de tecnologia."
Segundo  Jean-Marc Merialdo, representante do Rafale, é exatamente esse o trunfo  deles. "Possuímos toda a tecnologia utilizada na construção da  aeronave", diz, alfinetando a Saab, que tem a turbina fabricada nos  Estados Unidos. "Além disso, se o Rafale for escolhido, o governo  francês já se comprometeu em comprar no mínimo dez aviões de carga KC390  da Embraer."
Merialdo ressaltou que também têm relação antiga com  o País, principalmente com São Bernardo. "A Omnisys (empresa eletrônica  que tem entre seus acionistas o grupo francês Thales) realizou a  primeira exportação brasileira de radar para Cingapura", contou. A  Boeing, terceira concorrente e fabricante dos FA-18 Hornet, ainda não se  manifestou sobre transferir tecnologia ao Grande ABC.
Centro já tem parceria para desenvolver radar
O  centro de pesquisa aplicada da Saab tem previsão de início das  atividades em abril. No primeiro ano operacional serão aportados US$ 10  milhões entre cinco e dez projetos.
Um deles será realizado com a  Atmos Radar, empresa da Capital com a qual a montadora vai estabelecer a  transferência de tecnologia e a criação de produtos. Por ora, será,  desenvolvido um radar para vigilância costeira.
É válido ressaltar  que a UFABC e a FEI serão parceiras do projeto. Como o centro de  pesquisa aplicada será composto, em um primeiro momento, por escritório  que terá entre 300 m² e 500 m² - e provavelmente será situado no bairro  Nova Petrópolis - , as pesquisas devem ser realizadas em laboratórios de  terceiros.
O presidente da Saab, Hakan Buskhe, disse que a Suécia  tem muito a contribuir com o País, principalmente na área de aviação,  biotecnologia e nanotecnologia. Ele citou também um caso de sucesso em  Gottenburgo, que pode servir de exemplo para a região. "Temos um parque  tecnológico que agregou 275 empresas com 9.000 funcionários e três  universidades com o mesmo número de estudantes."
diário do grande ABC