Ela permite que a aeronave emita sinal indicando sua localização exata.
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                Foto: Reprodução                                 Radar de monitoramento aéreo em aeroporto dos EUA (Foto: Reprodução)
Um sistema de monitoramento de aviões que não usa radar está         sendo testado pela primeira vez nos Estados Unidos, abrindo         caminho para a implementação de um controle de tráfego aéreo         mais moderno, barato e seguro. A tecnologia usa informações de         satélite e está sendo aplicada no estado do Colorado. Ela         permite que os controladores e os próprios pilotos saibam a         localização exata de todas as aeronaves dentro da mesma região.
     
       Em entrevista ao G1, o diretor do         Centro Internacional de Transporte Aéreo do MIT (Massachusetts         Institute of Technology), John Hansman, explicou o funcionamento         deste novo sistema. Segundo ele, esta ferramenta vai tornar voos         mais seguros, e poderia ter evitado o acidente com o Boeing 737         da Gol, que matou 154 pessoas em 2006, ao cair no Mato Grosso         após um choque com um jato Legacy durante o voo.
     
       "Este sistema poderia ter evitado o acidente.         Em primeiro lugar, os controladores aéreos teriam um         conhecimento melhor das posições dos aviões e, em segundo, os         próprios aviões poderiam ver suas posições, e saber que havia         uma aproximação evitando o choque", explicou.
     
       O novo sistema deve ser implementado em todas as         regiões dos Estados Unidos até 2020. Ele funciona através da         emissão de sinais das aeronaves, que são medidos por sensores         espalhados em terras e em outros aviões, sendo determinada a         localização exata delas, explicou. "Os aviões sabem onde         eles estão através de informações de seus próprios sistemas de         navegação, como o GPS. Com este novo sistema, eles enviam uma         mensagem para todos que estão dentro de um raio específico,         informando esta posição. E qualquer avião que esteja próximo         desta aeronave pode saber a posição dele em relação à sua, numa         tela dentro da cabine de comando", disse.
 Foto: AFP
                Foto: AFP                                 Vista da pista do aeroporto desde a torre de controle, na Argentina (Foto: AFP)
Além disso, completou, desde o chão, o controle de tráfego aéreo pode trabalhar usando um rádio normal, que é mais simples e barato, que decodifica a informação em um display semelhante ao de radar. “Do ponto de vista do controle aéreo, esta tecnologia é a próxima geração do monitoramento, que é como se mede a localização das aeronaves.”
Monitoramento
Desde os anos 1950, o radar é a base dos sistemas de controle         aéreo usados no mundo, servindo para evitar colisões e ordenar o         tráfego de aeronaves. Apesar de choques entre aeronaves serem         raros, a autoridade norte-americana de aviação alega que o radar         tem limitações técnicas que levam a atrasos nos voos em todo o         país. Os sistemas com base em informações enviadas por satélites         podem oferecer informações mais exatas e corrigir este problema,         permitindo um intervalo menor entre pousos em um mesmo         aeroporto.
     
       Além de ser mais exato, o sistema em teste         atualmente tem um custo muito mais baixo de que o da construção         de radares, que são caros e dificilmente podem ser construídos         por toda a parte. Segundo uma reportagem publicada no jornal         "USA Today", o sistema em teste em todo o estado do         Colorado custou o mesmo que a contrução de apenas um radar em aeroporto.
“É um sistema que pode ajudar muito países grandes como o Brasil, que tem um território tão grande. É difícil ter radares em todos os lugares do país, mas com este sistema se torna muito barato, usando apenas equipamentos de rádio mais simples, ter as mesmas informações que se conseguiria com radares”, disse Hansman. Segundo ele, em alguns anos o Brasil também poderá começar a testar o novo sistema, que pode logo se espalhar pelo país.
Sem panaceia
O professor do MIT explicou, entretanto, que este sistema não vai         corrigir todos os problemas da aviação no mundo, mas apenas         tornar mais fácil o monitoramento, permitindo saber a         localização exata dos aviões a cada momento. Segundo ele, esta         tecnologia não faria diferença se estivesse em funcionamento na         época em que o voo AF 447 caiu no Oceano Atlântico enquanto ia         do Rio de Janeiro para Paris.
       
        “No caso do acidente da Air France, seria         impossível saber onde o avião desapareceu. O problema é que         rádios convencionais não vão tão longe, e quando se está a         algumas centenas de milhas no oceano, não se tem comunicação         direta. Rádio normal só segue em linha reta e por conta da         curvatura da terra, quando se passa de uma certa distância,         seria preciso olhar através do chão para encontrar a aeronave,         como as onda de rádio não passam pela terra, é impossível.”
       
        O especialista em aviação explicou que o novo         sistema de monitoramento de tráfego aéreo é uma das principais         tecnologias em desenvolvimento na atualidade. Segundo ele,         também está sendo trabalhado um sistema comunicação automática         de dados entre o avião e os controladores. “Temos uma versão         crua disso em alguns aviões, mas precisamos atualizar isso, que         na verdade é um sistema de troca de emails entre a aeronave e o         controle em terra, permitindo que o controle crítico seja feito         em formato de dados”, disse.
       
        Analisando a dificuldade em determinar as causas         do acidente da Air France por conta de não terem sido         encontradas as caixas pretas da aeronave, Hansman alegou que não         é necessário elaborar nenhum sistema novo para armazenamento de         informações de segurança de voo, pois o que existe já costuma         funcionar bem.
       
        “O acidente da Air France foi um caso muito         específico. Em 99,9% dos casos é possível recuperar as caixas         pretas após o acidente ou descobrir de outra forma as causas do         acidente, então não sei se faz sentido mudar totalmente o         sistema de registro de informações de vôos por causa desse caso isolado.” 
 
 
 
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