“Devo sacrificar a vida por meu irmão”. O trecho de uma canção religiosa está associado ao que muita gente acredita que o capitão Anderson Amaro Fernandes, de 33 anos, morto na queda de um avião da Esquadrilha da Fumaça há uma semana, em Lages, pensou pouco antes da tragédia.
Na tarde de quinta-feira, uma missa foi realizada no aeroporto da cidade, local do acidente, em homenagem ao militar que morreu trabalhando, fazendo o que gostava e divertindo uma multidão.
Durante a celebração, iniciada exatamente às 17h25min, mesmo horário em que o avião de Anderson caiu diante de 15 mil pessoas, os cerca de 100 fiéis, entre militares, sócios do Aeroclube de Lages e cidadãos comuns, exaltaram, mesmo sem ainda saber as causas oficiais do acidente, a heróica atitude do piloto de não ter ejetado o seu assento e de ter sacrificado a sua vida para evitar que o avião desgovernado caísse sobre o público e provocasse uma tragédia muito maior.
As pessoas que foram à missa, realizada no pátio de manobras do aeroporto, chegaram de carro, de bicicleta e a pé.
Todas se emocionaram e muitas choraram ao lembrar daquele terrível momento que nunca sairá de suas mentes e, principalmente, ao pensar na família de Anderson, que era casado e tinha uma filhinha de quatro anos.
A agente administrativa Rosemari Becker Rosa, 46, presenciou o momento da tragédia, ficou desesperada e ainda não se recuperou por completo.
Desde o acidente, ela chora bastante e não consegue se concentrar em seus afazeres. Na quinta-feira, Rosemari caminhou durante uma hora de sua casa, no Bairro Conta Dinheiro, até o aeroporto só para homenagear o capitão Anderson.
_ Me coloco no lugar da família dele, e é impossível não sentir a dor _, disse Rosemari que, como muitas das pessoas que foram à missa, colocou flores no exato local da queda do avião.
Morto na Sexta-Feira Santa, aos 33 anos
Num determinado momento da celebração, o padre Henrique Vicente de Bitencourt, da Paróquia Nossa Senhora da Saúde, do Bairro Guarujá, perguntou aos presentes de alguém gostaria de falar algo sobre o piloto.
E várias pessoas, mesmo sem nunca tê-lo visto em suas vidas, deram depoimentos emocionantes.
Um homem fez um comentário interessante e lembrou que, bem como Jesus Cristo, Anderson morreu de forma trágica, na Sexta-Feira Santa, aos 33 anos.
Outro pediu uma oração às vítimas de outras tragédias ocorridas no aeroporto de Lages, como a que matou 13 pessoas durante a colisão entre dois aviões, em 18 de maio de 1997.
_ Oremos pelo capitão Anderson e pela sua família. Cumprindo o seu dever, ele fez muita gente olhar para o céu, sorrir e esquecer seus problemas por alguns momentos. Oremos também para que esse aeroporto nunca mais seja palco de tragédias.
Enquanto isso, a Esquadrilha da Fumaça anuncia o retorno das apresentações já para a próxima quarta-feira, dia 14, na cidade de Botucatu (SP).
E por aqui, o Aeroclube de Lages anuncia que, em breve, os melhores pilotos de avião do mundo voltarão a dar shows nos céus da cidade.
diário da serra
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