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domingo, 9 de dezembro de 2012

Ministério da Justiça exige que Gol informe como vai atender clientes da Webjet


Funcionários da empresa Webjet fazem pequeno protesto em frente ao Hotel Novo Mundo no Rio
após receberem comunicado de suas demissões
ALEXANDRE CASSIANO / AGÊNCIA O GLOBO

O Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), órgão do Ministério da Justiça, notificou a Gol para que informe como fará o atendimento dos consumidores após o encerramento do voos da Webjet. O diretor do DPDC, Amauri Oliva, disse que tomou ciência do caso pela imprensa e que a empresa precisará prestar esclarecimentos, em até dez dias, de forma a garantir que ninguém seja prejudicado.

— Queremos saber como ela informou o consumidor sobre o encerramento das atividades da Webjet, o volume de passagens comercializadas e ainda não usadas, qual será o procedimento para remarcação ou reembolso e ainda se a Gol assumirá os voos para cidades que antes eram atendidas exclusivamente pelo Webjet ou que tinham nas empresas as melhores opções de horários para o consumidor.

Oliva informa ainda que foi pedido a empresa que determine uma pessoa em cada estado do país para ser o interlocutor junto aos órgãos de defesa do consumidor caso ocorra algum problema.

— Espero que nesse processo de encerramento sejam garantidos os direitos dos consumidores.

O Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT) decidiu investigar as demissões dos 850 funcionários da Webjet. O procurador do Trabalho Carlos Augusto Sampaio Solar, da Coordenadoria Nacional de Promoção da Liberdade Sindical (Conalis) do MPT, vê indícios de ilegalidade nas demissões. Ele afirma que as demissões foram feitas de forma abrupta e não obedeceram aos “requisitos previstos no contrato de trabalho”.

— O MPT não concorda com a forma como foi feito o desligamento dos funcionários da Webjet — afirmou Sampaio Solar, em nota. Segundo ele, um pedido feito por uma comissão de aeronautas deverá ser transformado em inquérito civil na segunda-feira.

Onda de demissões devido a fusão já era prevista

No mesmo momento em que o presidente da empresa, Paulo Kakinoff, participava de uma teleconferência com a imprensa para anunciar o fim da Webjet na manhã desta sexta-feira, a controlada fazia reuniões com os funcionários nas suas cinco bases que ficam no Rio, Salvador, Porto Alegre, São Paulo e Belo Horizonte. Os empregados foram convocados para o encontro no fim da noite de ontem e no início da manhã de hoje. Às 10h20, as ações da Gol subiam 0,31%, cotadas a R$ 9,71, enquanto o Ibovespa tinha variação negativa de 0,19%.

Dos trabalhadores que não foram demitidos, 450 serão absorvidos imediatamente na estrutura da Gol, entre eles profissionais que trabalham nos aeroportos, incluindo check-in e despacho de bagagem. Outros 200 funcionários ficarão na empresa no momento de transição e serão desligados nos próximos meses.

Desde que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a compra da Webjet pela Gol no mês passado, havia rumores de que poderia ocorrer uma leva de demissões. Os funcionários, no entanto, não imaginavam que seria nessa dimensão.

Gisele Lourenço, 30 anos, trabalhava há quatro anos como comissária de bordo da Webjet. “Recebi e-mail da empresa ontem à noite convocando uma reunião sem dizer o motivo. Quando chegamos aqui, o presidente da empresa leu um comunicado anunciando as demissões. Foi uma comoção geral, todo mundo chorando”, disse ela, que também já foi funcionária da Vasp.

No Rio, as reuniões para tripulantes foram realizadas no Colégio Brasileiro de Cirurgiões, em Botafogo, e no Hotel Novo Mundo, no Flamengo. E para os outros funcionários, a reunião ocorreu no aeroporto Galeão.

Todos os funcionários foram convocados para assinar a carta de demissão e dispensados de cumprir aviso prévio. Como a empresa só dará baixa na carteira de trabalho no próximo dia 23, a empresa não precisará pagar o reajuste salarial atualmente em negociação.

Boa parte dos funcionários que estava no Colégio Brasileiro de Cirurgiões se dirigiram ao Hotel Novo Mundo e realizaram um protesto contra as decisões da Gol. Com nariz de palhaço, chamaram a empresa de “covarde”.

O órgão regulador do setor não tem prerrogativa de interferir em decisões das empresas, como essa, que cabem fazem parte da estratégia de negócios. Porém, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) ressalta que irá monitorar e fiscalizar o cumprimento dos compromissos firmados pela empresa com passageiros que já compraram passagens, e verificar se a empresa está prestando a assistência devida.

“A GOL é responsável por assegurar o adequado atendimento aos clientes da Webjet, acomodando-os em outros voos para realizar seu transporte, bem como prestando assistência integral aos passageiros que porventura possam vir a ser afetados durante o período de encerramento das operações. A ANAC notificou a empresa, que foi instada a comprovar todos os procedimentos adotados relativos à execução dos contratos de transporte já firmados pela Webjet”, afirmou a Anac, que disponibiliza o telefone 0800 725 4445 para passageiros que queiram fazer reclamações sobre a não prestação de atendimento.

Empresa decide devolver aviões da Webjet

A principal razão que levou a Gol a realizar as demissões foi a decisão da empresa de devolver as 20 aeronaves da Webjet devido a seu elevado consumo de combustível. De acordo com a companhia, a primeira medida para o encerramento das atividades é a extinção das operações de voo da controlada.

“A Webjet possui um modelo de operação com base em uma frota composta majoritariamente por aviões modelo Boeing 737-300, de idade média elevada, alto consumo de combustível e defasagem tecnológica. Com os novos patamares de custo do setor no Brasil, esse modelo deixou de ser competitivo”, explicou a empresa.

O modelo da Gol 737-800 é até 30% mais eficiente no consumo de combustível na comparação com o da Webjet. Hoje, o combustível responde por 46% dos custos totais da Gol.

— O combustível é o principal gasto que a Gol deixará de ter com o fim da Webjet — afirmou Kakinoff.

A Gol possui 128 aviões e vai permanecer com a mesma quantidade. O presidente da Gol negou temer perda de participação no mercado com a devolução dos aviões da Webjet e disse que a taxa de ocupação da companhia vai subir. Hoje, os passageiros ocupam de 65% a 70% dos assentos das aeronaves. Segundo Kakinoff, mesmo com a devolução da frota, não terá redução de frequência (voo de ida e volta).

Voos deixaram de operar

Segundo a empresa, os clientes e passageiros da Webjet serão integralmente assistidos e terão seus voos garantidos. “A Gol permanece, a partir dessa data, responsável por todos os serviços de transporte aéreo e assistência a esses passageiros. Nesse sentido, todas as providências necessárias serão tomadas”, afirmou a companhia.

Desde a meia noite de ontem os voos da Webjet pararam de operar. Todos os passageiros foram realocados em voos da Gol. Nas próximas semanas, os clientes ainda vão encontrar trabalhadores com uniformes da Webjet. O sistema operacional da empresa, porém, já está integrado.

A Gol concluiu a compra da Webjet em outubro de 2011, por R$ 70 milhões, além de ter assumido dívidas de cerca de R$ 200 milhões.

A Gol já tinha demitido cerca de 2.000 funcionários entre abril e maio deste ano com a redução dos voos. Ao fim deste ano, a companhia terá 17.000 colaboradores, incluindo os funcionários que serão incorporados da Webjet. Em 2011, a companhia terminou com 20 mil trabalhadores.

Fonte: O Globo

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