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quarta-feira, 27 de março de 2013

Após prejuízos, Gol reduzirá ainda mais os custos

Prejuízos de R$ 2,2 bilhões nos últimos dois anos acenderam alerta nas operações da companhia, que terá um dos anos mais difíceis desde fundação, em 2001

Com prejuízos que somam, nos últimos dois anos, R$ 2,2 bilhões, a Gol acendeu o sinal de alerta nas operações. A companhia terá em 2013 um dos anos mais difíceis desde a criação, em 2001.

Gol Linhas Aéreas (Foto: Divulgação) A estratégia para tentar reverter o quadro será uma redução ainda maior de custos, que se refletirá em revisão da malha aérea, diminuição da oferta de assentos e, em última instância, mais demissões.

Em 2012, a Gol registrou prejuízo de R$ 1,512 bilhão, o dobro do assinalado em 2011. A dívida total da companhia também cresceu, chegando a R$ 5,191 bilhões, 4% superior ao total de 2010.

O cenário desfavorável na economia local, com baixo crescimento, e a consequente retração do mercado de aviação civil, atingiu diretamente a companhia. "Foi, sim, um prejuízo maior que o esperado. Não é o fim do mundo, mas acendeu a luz amarela intensa", avalia o presidente da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Transporte Aéreo (SBTA), Erivelton Pires.

De acordo com Pires, a empresa ainda precisará de "muitos meses" para buscar rentabilidade nas operações. "É um prejuízo muito difícil de recuperar."
Analistas de bancos internacionais também destacaram a piora do cenário de operações da empresa. Para o Bank of America Merrill Lynch, o prejuízo de R$ 447,1 milhões no quarto trimestre foi 114% maior que o estimado pela instituição.

Já o JP Morgan manteve recomendação neutra para a Gol justificando que "ainda não temos indicação de que o cenário de demanda tenha melhorado".

Causas
Entre os fatores que concorreram para a piora da empresa, estão a depreciação do real frente ao dólar, preços mais altos de combustíveis e ainda maiores taxas em aeroportos. A desvalorização da moeda causou impacto direto no valor dos financiamentos e o leasing dos aviões, por exemplo.

Gol Linhas Aéreas (Foto: Agência Estado) "A empresa, talvez, consiga respirar um pouco no final do ano, com a melhora do crescimento da economia. Isso poderá significar uma redução do prejuízo, mas ela vai continuar tendo prejuízo", avalia o professor Respício Espírito Santo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Segundo os analistas, a Gol ainda pena com os efeitos da compra da Webjet, em 2011. A aposta, naquele momento, seria a herança dos slots (horário para uso dos terminais de embarque) nos principais aeroportos do País. "Com o cenário ruim, os slots não fizeram valer o investimento. Foi um mau negócio", avalia Pires. "Isso está refletido nos prejuízos."

A empresa deve apostar ainda mais fortemente na redução de custos para tentar uma recuperação, embora a margem de corte esteja cada vez menor. "Há anos as empresas já reduzem custos. Não tem mais gordura para queimar. A solução é voar com aviões maiores, cortar programas, readequar a malha. É um cenário difícil", avalia o consultor de aviação André Castellini.

A empresa deve recorrer à economia de combustível - o alto consumo dos aparelhos antigos foi determinante para o encerramento das operações da Webjet em 2012. Outra medida será uma redução mais forte da oferta de assentos nos voos, especialmente naqueles de menor rentabilidade.

"É difícil dizer se a redução da oferta será necessária somente ao longo de 2013. Mas acredito que sim, teremos a necessidade de estender ao longo do próximo ano", afirmou o presidente Paulo Kakinoff, ao comentar os resultados do balanço.

As medidas, de acordo com Pires, podem se refletir em novos cortes de funcionários. Nos últimos quatro meses, a empresa já cortou cerca de 7% do quadro de funcionários, entre eles 850 colaboradores da Webjet, que já haviam sido demitidos e readmitidos por ordem judicial.
"Redução da oferta se traduz em revisão de malha, com a desativação de aeronaves e, possivelmente, demissões. Não é tempo de alardes, ainda, mas é um período de ajuste amargo. A empresa vai ficar mais tempo demitindo sem recontratar", afirma Pires.
ÉPOCA

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