Os sindicatos da aviação consideram que a proposta de contratação que a
TAP entregará ao Governo «é a prova» da «aplicação inconsequente» das
leis orçamentais e sublinham que os novos trabalhadores não têm a
«experiência de anos» dos que saíram.
Contactados pela Lusa, os
sindicatos dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), dos Técnicos de
Manutenção de Aeronaves (SITEMA) e dos Técnicos de Handling são unânimes
mas são também «a
prova do esvaziamento e da saída dos ativos com muitos anos de
experiência» da TAP, após os sucessivos cortes salariais.
O
«Jornal de Negócios» noticiou esta segunda-feira que o presidente
executivo da TAP, Fernando Pinto, afirmou que pretende entregar esta
semana uma proposta de contratação ao ministro das Finanças, depois da
saída de cerca de 60 trabalhadores qualificados no ano passado, 18
pilotos e 38 técnicos de manutenção, que emigraram para outras
companhias.
«A contratação é a clara evidência de que a aplicação
das leis orçamentais à TAP é irracional e está a destruir a empresa»,
disse o presidente do SPAC, Jaime Prieto.
O dirigente sindical
sublinha que «a fiabilidade operacional da transportadora está posta em
causa» e que sem os cortes aplicados, o Estado encaixaria 13 milhões de
euros, entre IRS e segurança social, verba que reverte agora para a
empresa.
Também André Teives, presidente do Sindicato dos
Técnicos de Handling, frisa que os trabalhadores são o grande ativo e a
empresa «está a perder valor todos os dias» devido aos constrangimentos
orçamentais.
A este junta-se o facto de os novos trabalhadores
não terem a mesma experiência dos pilotos que saíram, o que também
implica formação adicional e pilotos parados no chão.
«Não é
substituível um comandante de médio e longo curso com 15 ou 20 anos de
experiência e com 10 ou 15 mil horas de voo, por um, nem por dois,
jovens pilotos com 500 horas de voo. Isto não é comparável», reforçou
Jaime Prieto.
O responsável explicou que sempre que se substitui
um comandante de topo é necessário mexer nos três graus abaixo, de forma
a que os níveis acima sejam sucessivamente ocupados. Por exemplo,
quando sai um comandante de longo curso este lugar será ocupado por um
comandante de médio curso que terá por sua vez de fazer uma formação
para o efeito e assim sucessivamente.
Além dos «custos
elevadíssimos de formação», que pode demorar meses, e «de voos parados e
cancelados», o dirigente sindical destaca a subcontratação de voos por
companhias charter, revelando que só ano passado, a saída de pilotos obrigou à contratação de 800 horas de voo extraordinárias.
Também
o vice-presidente do SITEMA, José Freches, frisa que os técnicos de
manutenção que forem contratados «estão a começar a carreira» e «só ao
fim de quatro, cinco, seis anos é que estarão habilitados a trabalhar
sozinhos».
José Freches considera que num momento em que se fala
de expansão de frota, linhas e voos, «será muito complicado trabalhar
com terceiros», como atualmente acontece com a Finnair ou a Força Aérea
Francesa.
Os dirigentes sindicais criticam ainda o desfasamento
dos salários quer dos pilotos da TAP, «que chegam a ser inferiores em
60% a 70% face a outras companhias mesmo europeias», quer dos técnicos
de manutenção da TAP «que recebem entre 3 a 4 vezes menos do que os de
outras companhias».
Os sindicatos consideram que a TAP «tem
sobrevivido da boa vontade e compreensão» dos seus trabalhadores e que
estes têm pago erros de gestão da administração, acionistas ou tutela.
Para
os próximos meses os sindicatos têm já indicação de que deverão sair
pelo menos mais quatro pilotos e 20 técnicos de manutenção.
ao considerar que as contratações «são positivas»,
TVI 24/NEGÓCIOS
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