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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

O Sargento que veio para voar


Assim nasceu o glorioso Sargento
A Força Militar comprou o Sargento em 1918. Há uma foto que testemunha o evento histórico que colocou o Paraná entre os pioneiros da aviação no Brasil. Com a compra do Sargento, a corporação fundou a Escola Paranaense de Aviação, que ficava no Portão e que contribuiu para desenvolver a aviação civil e militar no estado. Na primeira foto em território paranaense, o Sargento posa ao lado de um grupo de oficiais e soldados. Todos orgulhosos. Sargento materializou um desejo despertado dois anos antes por Santos Dumont em sua visita ao Paraná – ele esteve em Antonina, Morretes, Curitiba, Ponta Gtrossa, Guarapuava e Foz do Iguaçu, ciceroneado pelo presidente do estado, Affonso Alves de Camargo (foto). À época o nome Sargento não chamou atenção, mas muito tempo depois as pessoas perguntavam:
“Por que o nome do Sargento era Sargento?”
Era simples, mas era preciso explicar:
“Porque foram os sargentos que compraram o avião.”


A Sociedade Beneficente e Recreativa dos Oficiais Inferiores – que virou socidade dos subtenentes e sargentos – teve a ideia de abrir uma subscrição para coletar donativos destinados a compra de um avião – a ideia era dotar a força militar de um artefato bélico moderno. Mas, para comprar o avião, precisava de respaldo. Em 1917, o comandante do regimento de segurança deu o “concordo” e em seguida o presidente Affonso Alves de Camargo chancelou: “Eu autorizo”.
Em abril de 1917 foi formada uma comissão de sargentos constituida pelo sargento ajudante Estácio dos Santos e os primeiros sargentos João Mateck, Oscar de Barros, João Dohms, Laurindo Olegário Dias, Orestes Fernandes dos Santos e Higino Perotti, encarregados de recolher as doações. Em janeiro do ano seguinte já havia dinheiro suficiente para comprar a aeronave. O sargento Perotti, especialista em mecânica, viajou para o Rio de Janeiro para verificar as condições do aparelho que pertencia ao aviador Eligio Benini e que estava à venda. No dia 6 de janeiro de 1918, o avião chegou em Curitiba e no dia 1º de fevereiro ele foi testado num pequeno voo de cinco minutos. No dia 5 de fevereiro, o Sargento fez o primeiro grande vôo oficial sobre Curitiba, saindo do Portão, sobrevoando o Batel, depois a Praça General Osório, Rua 15 de Novembro e finalmente o Palácio do Governo, na Avenida Barão do Rio Branco, 395. Dali ele foi em direção das florestas do Cajuru e tangenciou as bordas de São José dos Pinhais. O Sargento agradou todo mundo. Mas neste voo ele era apenas um Morane-Borel I sem nome, monoplano biplace com comando único, de 11,65 metros de envergadura e 8,35 metros de comprimento. O motor era Gnome de 7 cilindros e 80 HP.

O batizado do aeroplano aconteceu no dia 12 de fevereiro de 1918. Um batismo feito pela Sra. Etelvina Rebello de Camargo, mulher do presidente do estado. A solenidade foi realizada no Jockey Clube do Paraná (atual PUC), na presença de 4 mil pessoas. Até então ninguém sabia o nome do aparelho. Então, dona Etelvina colocou uma faixa sobre o leme do aparelho com a palavra Sargento e disse:
“O nome dele é Sargento.”

Em seguida o piloto Luiz Bergmann decolou e lançou sobre a cidade uma mensagem de agradecimento à população.

E o aeroplano fez escola no Portão


A compra do Sargento deu impulso para a criação da Escola Paranaense de Aviação, que foi instalada no quartel da Companhia de Bombeiros Pontoneiros. As edificações foram construídas numa propriedade arrendada da viúva de Julio Biscaia, no Portão. Oficiais da Guarda Nacional assumiram as despesas com a construção do hangar, oficina, almoxarifado e ajolamento para serviço e guarda – neste terreno também havia pista de pouso e decolagem. A inauguração da escola aconteceu no dia 24 de março de 1918. Foi uma data tão marcante que foram requisitados dez vagões para o transporte da população até o local. No entanto, como havia mais gente interessada em ver a solenidade, foi preciso aumentar o número de vagões para dezenove e com isso acoplar duas locomotivas. Ainda assim, o comboio teve de voltar para fazer uma nova viagem. Sem contar que muitas pessoas foram de bonde, automóvel e outros meios de transporte – principalmente carroças e cavalos. O capitão João Alexandre Busse leu o ofício no qual os oficiais e sargentos entregaram o aeroplano Sargento à Força Militar do Estado. O Paraná entrava na era da aviação militar.

Mas esta história teria um fim trágico no dia 5 de julho de 1927, quando um incêndio destruiu as instalações e as aeronaves – o Sargento foi consumido pelo fogo. Depois da Revolução de 1930, as Forças Militares dos Estados (atuais Policiais Militares) ficaram proibidas de ter aviões. E o Sargento entrou para a história como o primeiro avião do Paraná. 

PARANA ONLINE

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